O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá nesta sexta-feira com os comandantes das Forças Armadas e o ministro da Defesa, José Múcio, após ter manifestado desconfiança em militares responsáveis pela segurança do Palácio do Planalto durante os atos terroristas em 8 de janeiro. O encontro está previsto para acontecer às 10h.
Segundo Alice Cravo, do O Globo, participarão do encontro o general Júlio Cesar Arruda, comandante do Exército; almirante Marcos Sampaio Olsen, da Marinha; tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, da Aeronáutica; os ministros José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil), além do presidente da Fiesp, Josué Gomes.
Como publicou o jornal O Globo, a ideia do encontro é virar a página do desgaste sofrido pelas Forças Armadas durante os ataques terroristas em Brasília, tratando de demandas específicas de cada Força, em uma tentativa de empregar uma agenda positiva. Por isso, oficialmente, a pauta da reunião será sobre projetos de modernização.
O governo tem planos de usar as Forças em projetos de ciência, tecnologia, geração de emprego e formação de mão de obra, aumentando investimentos no Exército, Marinha e Aeronáutica. Cada comandante deverá mostrar ao presidente um relatório com demandas e diagnósticos da sua área. O material foi solicitado por Lula na primeiro encontro que ele teve com os novos comandantes, em 16 de dezembro.
Na terça-feira, Rui Costa se reuniu com Múcio e os comandantes para um almoço no ministério da Defesa e afirmou que o encontro tratou da modernização das Forças. O encontro com Lula já estava previsto.
Petistas próximos a Lula, contudo, entendem que o presidente deveria aproveitar a reunião para repetir o que disse durante entrevista a GloboNews, quando afirmou que os militares que quiserem fazer política devem tirar a farda.
— E eu quero que a gente volte à normalidade, é isso. As pessoas estão aí para cumprir as suas funções e não para fazer política. Quem quiser fazer política, tire a farda, renuncie ao seu cargo, crie um partido político e vá fazer política — afirmou na entrevista.
Para aliados, será uma nova oportunidade de Lula, como comandante em chefe das Forças, reforçar o pedido para que militares cumpram seu dever constitucional se exercer a defesa do Estado brasileiro.
Não há consenso no entorno do presidente sobre essa fala. Integrantes do governo, ressaltam que esta não é a pauta do encontro e reforçam que as investigações irão apontam eventuais irregularidades, sejam de civis ou militares, e que estas pessoas, responderão pelos seus atos. Por esta leitura, indivíduos que tenham praticado atos ilícitos durante os atos não podem comprometer o funcionamento de suas instituições.
A tensão do Palácio do Planalto com os militares ficou concentrada no comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda. Foi em frente a quartéis do Exército que milhares de manifestantes acamparam por mais de 60 dias contestando a vitória de Lula.
Ao falar sobre os ataques, Lula já explicitou em mais de uma ocasião a sua desconfiança com a participação dos integrantes das Forças nos ataques de 8 de janeiro. Ele já afirmou, por exemplo, que os militares foram “coniventes” e que as portas do Palácio do Planalto foram, literalmente, abertas para a entrada dos invasores.
— Teve muito gente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui dentro conivente. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui — disse Lula, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto — afirmou Lula durante encontro com jornalistas.
Em meio às desconfianças, Lula tem dispensado militares de cargos do governo federal. Entre os dispensados, estão 40 integrantes das Forças Armadas que atuavam na Coordenação de Administração do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República