No último sábado (30), convocado ao apartamento de Lula em São Paulo, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, candidato do PT à presidência da República em 2018, ouviu dele o pedido para que botasse “o bloco na rua”, uma vez “que não há mais tempo”.
As palavras de Haddad foram estas, em entrevista ao canal TV 247:
“Lula me pediu que eu não adiasse minhas andanças pelo país defendendo nosso legado e nossas ideias. Ele me disse: ‘Haddad, não há mais tempo. Não podemos ficar na dependência [de decisões judiciais]. Temos que sair para conversar com o povo’.”
Haddad contou mais:
“E ele me pediu para reorganizar minha vida particular, privada com essa finalidade. Eu concordei. Disse que ele poderia contar que eu faria isso”.
Quer dizer que, caso possa, Lula mesmo não será candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro no ano que vem? Haddad lembrou que Lula já disse que até bispo da Igreja Católica se aposenta com 75 anos de idade. Ele tem 75 anos.
Se o Supremo Tribunal Federal anular as duas condenações de Lula, uma no processo do triplex do Guarujá, a outra no processo do sítio de Atibaia, o PT, segundo Haddad, tentará convencê-lo a ser candidato. E Haddad diz ter esperança de que ele seja.
A 2ª Turma do Supremo, formada por cinco ministros, em breve julgará o pedido de Lula para declarar suspeito o comportamento do ex-juiz Sérgio Moro que o condenou no processo do tríplex, e participou da fase de instrução do processo do sítio.
Dois dos cinco ministros são votos considerados certos a favor do pedido (Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski). Edson Fachin votará contra, juntamente com a ministra Cármen Lúcia. Nunes Marques, indicado por Bolsonaro, deverá votar a favor.
Entre os advogados de Lula, dá-se como certa a anulação do processo do tríplex, mas há dúvidas quanto à anulação do processo do sítio. Se isso não ocorrer, Lula continuará inelegível, e Haddad o substituirá. Daí a ordem para que ponha o bloco na rua.
Haddad fala em construir “a unidade das forças democráticas” para derrotar Bolsonaro, mas admite que só seja possível no segundo turno. “No primeiro, haverá dois, ou três candidatos, mas todos deverão se unir contra ele em seguida”, espera.
– O democrata que for para o segundo turno terá de contar com o apoio dos demais. E essa é a pergunta que deveria ser feita a políticos como João Doria, ACM Neto [presidente do DEM], Rodrigo Maia e Eduardo Leite [governador do Rio Grande do Sul]: vocês se comprometem com isso? – provoca Haddad.