O governo do presidente Lula da Silva (PT) espera usar o Sete de Setembro para fazer um aceno às Forças Armadas, além de pregar a união do país. O evento acontece em meio a uma tensão com os militares por causa das investigações sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro e a venda de joias recebidas como presente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Entre as novidades do evento para este ano está uma exposição na Esplanada com uma série de equipamentos das Forças Armadas, como helicópteros, aeronaves, embarcações, tanques de guerra, viaturas históricas, artilharia de defesa antiaérea, radares, simuladores de voos e maquetes.
Ao todo, segundo a estimativa do governo federal, devem participar do desfile a pé cerca de 2 mil militares, sendo aproximadamente 600 da Marinha, mil do Exército e 400 da Força Aérea Brasileira.
Nesta terça-feira, Lula afirmou que os militares se “apoderaram” do feriado e que a data deixou de ser uma “coisa da sociedade como um todo”. Ele, no entanto, fez um aceno aos fardados, afirmando que é “fissurado no hino da independência”.
O governo espera reunir cerca de 30 mil pessoas em Brasília no primeiro desfile do novo mandato de Lula. Desse total, aproximadamente seis mil vão acompanhar das arquibancadas, que já estão montadas no corredor ministerial.
A tribuna de honra do presidente deve contar com a presença de aproximadamente 200 autoridades, incluindo ministros, membros do Congresso e Judiciário e representantes das três Forças.
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro foi marcado pela intensa politização das Forças Armadas e pelo uso indevido dos desfiles do Sete de setembro. A cerimônia do ano passado, a última de sua gestão, rendeu a Bolsonaro um processo no TSE por abuso de poder político e econômico, além do uso indevido dos meios de comunicação.
Na ocasião, depois de participar do desfile militar, Bolsonaro subiu em um palanque montado na Esplanada dos Ministérios, cercado por apoiadores, e fez um discurso em tom eleitoral. O ex-presidente estava acompanhado pela ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro e pelo candidato a vice-presidente na sua chapa, general Braga Netto. Na ocasião, ele pediu para que seus apoiadores votassem e mudassem a opinião de outras pessoas a seu favor.
Em 2021, Bolsonaro usou o feriado da Independência para fazer um discurso golpista com ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu a desobediência de decisões da Justiça.
— Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou — disse em parte do discurso.
Evento e segurança
Para a comemoração deste ano, o slogan escolhido é “democracia, soberania e união”. O desfile, que está sendo organizado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), terá quatro eixos temáticos: “Paz e Soberania”, “Ciência e Tecnologia”, “Saúde e Vacinação” e “Defesa da Amazônia”.
A ideia é fazer uma cerimônia mais enxuta, com cerca de duas horas de duração. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve discursar.
Roteiro: Veja o que está previsto
- Passagem das tropas das Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea)
- Apresentação de escolas públicas do Distrito Federal
- Apresentação de profissionais do Corpo de Bombeiros
- Show aéreo da Esquadrilha da Fumaça, da FAB
O evento deve contar ainda conforme o jornal O Globo, com um esquema de segurança semelhante ao visto na posse. As cúpulas do Exército e do Ministério da Defesa não acreditam que haja risco de mobilizações de bolsonaristas como no 8 de janeiro e no dia da diplomação de Lula, em 12 de dezembro. Eventuais protestos de opositores não poderão ser realizados perto do local onde ocorrerá o desfile, que terá a presença de Lula.
Nesta terça-feira, o Ministério da Justiça autorizou a atuação da Força Nacional de Segurança Pública no evento. O pedido de reforço havia sido feito pela governadora interina do Distrito Federal, Celina Leão, na semana passada.