É uma eleição sem precedentes, tem repetido o sociólogo Antonio Lavareda, do instituto Ipespe: nunca houve um presidente, no cargo, disputando a reeleição com um ex-presidente, diz o colunista José Casado, na Veja.
Jair Bolsonaro e Lula são reconhecidos por 98% do eleitorado. Essa é uma vantagem extraordinária que levam sobre os adversários.
Quando pesquisadores abordam eleitores nas ruas e perguntam em quem votariam para presidente, a lembrança dos nomes resulta no seguinte: Lula e Bolsonaro são citados espontaneamente por sete em cada dez entrevistados.
Define-se uma tendência ao duelo eleitoral, confirmada na sequência, quando o eleitor é convidado a escolher seu candidato preferido numa lista com mais de uma dezena de nomes.
A circunstância inédita e o peso específico de Lula e Bolsonaro são fato da vida, conhecido desde o início da temporada eleitoral.
Os adversários deles, no entanto, atravessaram todo esse tempo atrapalhados em vetos mútuos e brigas públicas.
Se perderam no vácuo de uma eleição que tem outra característica relevante: para os partidos, candidato a presidente vale tanto ou menos que candidato a deputado federal.
A prioridade é eleger a maior bancada possível na Câmara, fator decisivo à sobrevivência à cláusula de barreira, ao acesso aos fundos públicos e na divisão do tempo de propaganda no rádio e na televisão.
Tempo perdido. Um ano atrás, Lula e Bolsonaro somavam 58% das intenções de voto. Em novembro, já detinham 67% e, nesta semana, chegaram a 79% no levantamento do Ipespe.
O espaço dos adversários deles equivalia a um terço da preferência dos eleitores em maio do ano passado. Está reduzido a 16%.
Tomando-se como referência as respostas espontâneas, Lula tem 40% da preferência e Bolsonaro 30%.
Dos outros, apenas quatro nomes são lembrados: Ciro Gomes (4%), Simone Tebet (1%), André Janones (1%) e João Doria (1%), que desistiu.
Juntos, têm 7% da preferência. Isso equivale a 10 milhões de votos num eleitorado de 150 milhões.
Há outros 23%, ou 34 milhões de eleitores, que se declaram indecisos, projetam voto em banco, nulo ou, simplesmente, ainda não sabem quem escolher.
A quantidade de voto disponível é equivalente à de Bolsonaro, há um ano estagnado no patamar de 30% nas pesquisas.
O espaço está cada vez mais reduzido para alternativas, mas a oposição a Bolsonaro e Lula continua entretida em vetos mútuos. Eles, certamente, agradecem.