O presidente Lula da Silva (PT) afirmou, na abertura de uma reunião ministerial nesta segunda-feira (13), que as enchentes que impactam 85% do território do Rio Grande do Sul não são apenas “o fenômeno da chuva”, mas que também há responsabilidade de quem deveria ter cuidado “das comportas”. Segundo Jeniffer Gularte, do O Globo, Lula não citou nomes.
Lula chamou reunião ministerial de emergência nesta segunda para discutir a situação da catástrofe climática gaúcha que já matou 147 pessoas.
O presidente citou o problema em meio a críticas de especialistas que apontam que o sistema de contenção de águas do Rio Guaíba em Porto Alegre não aguentou o nível acima dos cinco metros na capital gaúcha, embora tenha sido criada para suportar até seis metros de elevação. Um dos apontamentos é de que falta de manutenção e negligência da prefeitura ao longo de décadas. O sistema começou a operar em 1974.
— Porque esse fenômeno que aconteceu me parece que não foi só o fenômeno da chuva, me parece que tem o fenômeno também das pessoas que não cuidaram das comportas que deveriam ter cuidado há muito tempo, mas tudo isso é um problema a ser resolvido daqui para frente e nós vamos tentar apresentar a nossa contribuição ao povo do Rio Grande do Sul, inclusive apresentando uma discussão nacional para resolver definitivamente a questão das enchentes na cidade de Porto Alegre e na Região Metropolitana — afirmou Lula na abertura da reunião ministerial.
O presidente falou sobre a preocupação do governo com a arrecadação, triagem e distribuição de doações, ao citar que não há estrutura para se arrecadar tudo “na hora que as pessoas falam”:
— A gente não tem estrutura para arrecadar tudo na hora que as pessoas falam. É coisa do exterior, é coisa de cada Estado , cada um que junta um monte de coisas de doação, acha que a gente tem estrutura de pegar na mesma hora, no mesmo dia e distribuir e tudo isso demanda uma infraestrutura, não apenas de recolhimento dessas coisas, de seleção e ver a necessidade para onde a gente vai mandar. Tudo isso demanda um tempo excepcional e muita mão de obra — disse o presidente.
Na reunião com a presença dos 38 ministros, Lula afirmou que há muitos voluntários trabalhando nas doações mas que em, breve, será necessário que o estado auxilie na distribuição dos donativos:
— Nós estamos até agora com muita gente voluntariada, muita gente, mas daqui a pouco os voluntários voltam para suas atividades normais e aí entra o papel da máquina do Estado de dar vazão ao recebimento das coisas que as pessoas dão e fazer essas coisas chegarem até a casa das pessoas.
Lula citou que há uma infinidade de problemas para se resolver no Rio Grande do Sul. As chuvas que ocorrem no estado desde o final de abril deixaram 85% das cidades em situação de emergência. Citou que será necessária a recuperação de estradas, dos sistemas de energia, telecomunicação, saúde, educação, portos e aeroportos.
— É uma infinidade de problemas que a gente vai ter que cuidar e que não é uma coisa de curto prazo, é uma coisa de médio e eu diria até quase longo prazo, porque recuperar aquele Estado vai ser bastante difícil, é um compromisso nosso ele deixar o Rio Grande do Sul como era antes da chuva.