O presidente Lula da Silva (PT) voltou a falar sobre uma possível prisão do líder russo Vladimir Putin em caso de visita ao Brasil durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, marcada para novembro de 2024. Nesta segunda-feira (11), o petista disse que a decisão caberá à Justiça.
A fala de Lula foi feita durante uma coletiva de imprensa em Nova Délhi, na Índia. O presidente viajou até o país para participar da Cúpula do G20, que terminou neste último domingo (10).
Antes do fim do encontro, em entrevista ao canal indiano “Firstpost”, Lula disse que convidaria Putin para a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro e que o presidente russo não seria preso se viajasse ao Brasil.
Já nesta segunda-feira, o presidente brasileiro mudou a versão, afirmando que uma possível prisão de Putin não cabe ao governo, mas à Justiça.
“Isso quem decide é a Justiça. Não é o governo nem o parlamento. É a Justiça que vai decidir”, afirmou.
Putin poderia ser preso no Brasil devido a mandados de prisão que foram emitidos contra ele, por parte do Tribunal Penal Internacional (TPI), por crimes de guerra. O Brasil é signatário do acordo, o que prevê o cumprimento de mandados expedidos pela Corte.
Questionado se retiraria o Brasil do TPI, Lula disse que precisa estudar melhor o acordo. O presidente afirmou ainda que países como Rússia e Estados Unidos não participam do tribunal.
“Eu não estou dizendo que vou sair de um tribunal. Eu só quero saber… e isso só me apareceu agora. Eu nem sabia da existência desse tribunal”, disse.
“Eu quero saber qual que é a grandeza que fez o Brasil tomar essa decisão de ser signatário. Só isso que eu quero saber.”
Lula disse ainda que espera que o conflito na Ucrânia tenha acabado até novembro de 2024, quando acontecerá a Cúpula do G20 no Brasil.
G20 e a guerra
Durante a cúpula do G20, os líderes que integram o bloco aproveitaram para criticar invasões territoriais e lamentaram o impacto da guerra na Ucrânia.
No comunicado final da cúpula, o grupo deixou claro que “o uso ou ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível”, fazendo referência à atuação da Rússia no conflito.
“Em linha com a Carta das Nações Unidas, todos os Estados devem abster-se da ameaça do uso da força ou de buscar a aquisição territorial contra a integridade territorial e a soberania ou a independência política de qualquer Estado. O uso ou ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível”, diz o comunicado.
A afirmação foi vista como surpresa, uma vez que havia dúvidas sobre uma manifestação em conjunto do grupo sobre a guerra, já que existem divergências dentro do G20 sobre o conflito na Ucrânia.