O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu neste sábado (21) o general Júlio César de Arruda do cargo de comandante do Exército.
O substituto será o atual comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
Antes de ser demitido, Júlio César Arruda participou nesta sexta-feira (20) de uma reunião, no Palácio do Planalto, com Lula, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.
Foi a primeira reunião do presidente com os comandantes das Forças Armadas depois de Lula defender punição para militares envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Após o encontro, José Múcio Monteiro falou em “virar a página” dos atos golpistas. O ministro da Defesa disse também não ver envolvimento “direto” das Forças Armadas nos ataques em Brasília.
Múcio afirmou também que os comandantes concordavam com a tomada de providências contra os militares eventualmente envolvidos nos atos.
Transição
Júlio César de Arruda assumiu interinamente o comando do Exército em 30 de dezembro do ano passado, ainda no governo Jair Bolsonaro.
Foi um acerto com a equipe de transição de Lula com a gestão anterior para que a troca do comando ocorresse antes da posse do novo governo.
Arruda foi confirmado no cargo pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no dia 6 de janeiro deste ano.
No dia 8 de janeiro, bolsonaristas radicais invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Houve depredação e roubos no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional.
Em entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, na última quarta-feira (18), Lula disse que os serviços de inteligência das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) falharam e não o alertaram da possibilidade de ataques golpistas.
Além da crítica, Lula disse na entrevista que era necessário “não politizar” as instituições militares.
Júlio César de Arruda
O general Júlio César de Arruda tem 63 anos e entrou no Exército no ano de 1975. Na ocasião, era o general mais antigo da força.
Ele foi chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército por 3 anos, até ser cotado para ser o comandante da Força.
Com mais de 45 anos de experiência militar, ele já comandou o 1º Batalhão de Forças Especiais, em Goiânia, foi diretor da Escola de Administração do Exército, do Colégio Militar de Salvador e comandou a Academia Militar das Agulhas Negras.
Nascido em Cuiabá, Júlio César entrou aos 16 anos na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP). Dois anos depois, se formou e ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras.
Em 1981 se tornou Aspirante a Oficial da Arma de Engenharia. Durante a vida militar, serviu unidades em Itajubá (MG), Rio de Janeiro, Cuiabá e Brasília.
Quando se tornou tenente-coronel, foi assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e comandou o 1º Batalhão de Forças Especiais, em Goiânia, no biênio 2005-2006.
No exterior, foi Observador Militar da Segunda Missão de Verificação das Nações Unidas (Univem II), em Angola, em 1994 e Assessor da Cooperação Militar Brasileira no Paraguai, no biênio 2002-2003. Realizou o Curso de Contraterrorismo e Cooperação Interagências na Universidade Nacional de Defesa, nos Estados Unidos e o Curso Intensivo de Inglês no Canadá.