O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, escolheu apenas integrantes do PT para comandar os ministérios do Palácio do Planalto. A Casa Civil foi entregue ao governador da Bahia, Rui Costa, a secretaria de Relações Institucionais, que será recriada, ficará com o deputado federal Alexandre Padilha e a secretaria-geral da Presidência terá como titular o vice-presidente e tesoureiro do partido, o ex-deputado Márcio Macêdo. Além deles, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) é o favorito para chefiar a Secretaria de Comunicação da Presidência, que tem status de ministério e importância estratégica por comandar as verbas de publicidade do governo. Completa o núcleo de pastas do Planalto o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que ainda não tem o futuro ministro indicado.
Tradicionalmente, as pastas funcionam no mesmo prédio do gabinete presidente da República e tratam de temas diretamente ligados a ele. A Casa Civil é uma espécie de motor do governo, por onde passam os despachos administrativos mais importantes da máquina federal. Também atua na coordenação entre os demais ministérios. Costa, que deixará o governo da Bahia com altos índices de aprovação, foi o escolhido para comandá-la por ser considerado bom gestor.
Já Padilha ficará responsável por todas as negociações políticas de interesse do Executivo, principalmente com o Congresso. Homem de confiança do presidente eleito, ele já desempenhou a função de 2009 a 2010, durante o segundo mandato de Lula. Padilha também foi ministro da Saúde e ganhou espaço durante a transição.
O titular da secretaria-geral, que será Marcio Macêdo a partir de janeiro, é quase sempre um dos integrantes de primeiro escalão do governo com mais acesso ao presidente da República. A pasta cuida de questões vinculadas relacionadas ao gabinete presidencial, e o seu ministro normalmente participa das discussões estratégicas do Executivo. Não por acaso foi escalado para a cadeira um dos vice-presidentes do PT. Sua escolha incomodou advogados do grupo Prerrogativas, apoiadores de Lula e que gostariam de ver Marco Aurélio Carvalho no posto.
Ao nomear apenas correligionários para o seu núcleo mais próximo, mantendo a frente ampla que o elegeu da porta do Palácio para fora, Lula abre margem a insatisfações entre partidos aliados, que almejavam ocupar cargos considerados estratégicos. A composição caseira, porém, é uma tradição das gestões petistas. Assim com Dilma Rousseff, o próprio Lula deu preferência a petistas para comandar as pastas do Planalto ao longo dos seus dois outros mandatos. Uma dos poucos nomes que fugiu à regra é o de José Múcio. Escolhido ministro da Defesa do futuro governo, ele foi titular das Relações Institucionais entre 2007 e 2009, quando estava filiado ao PTB.