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quinta-feira 27 de janeiro de 2022 às 11:06h

Lula afasta participação de Dilma em um eventual governo do PT

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou que a ex-presidente e ex-ministra Dilma Rousseff não deve ter papel relevante em seu governo, caso ganhe a disputa pela Presidência da República neste ano. Lula afirmou que deve incorporar na eventual gestão “muita gente nova” e disse que não vai “remontar” o seu governo anterior. O ex-presidente avaliou que sua sucessora “erra” na política e disse que é preciso ter paciência para negociar e governar.

Ao conceder entrevista na última quarta-feira (26) de manhã à rádio CBN do Vale do Paraíba, do interior paulista, Lula foi questionado sobre o papel que Dilma terá em um eventual governo do PT. “Nós não vamos trabalhar para remontar o governo de 2003, 2004, 2005. O tempo passou, tem muita gente nova no pedaço e eu pretendo montar um governo com muita gente nova, com muita gente importante e com muita gente com muita experiência também”, respondeu o ex-presidente.

Dilma participou dos dois mandatos do ex-presidente Lula, entre 2003 e 2010. No primeiro governo, foi ministra das Minas e Energia até 2005. Depois, comandou a Casa Civil e foi responsável por programas estratégicos da gestão petista, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida Dilma foi chamada de “mãe do PAC”.

O ex-presidente elogiou a capacidade técnica de Dilma, mas destacou que ela erra nas negociações políticas. “A Dilma é uma pessoa pela qual eu tenho o mais profundo respeito e carinho. A Dilma tecnicamente é uma pessoa inatacável. A Dilma tem uma competência extraordinária. Onde ela na minha opinião erra? É na política”, disse Lula na entrevista. “Ela não tem a paciência que a política exige que a gente tenha para conversar, para ouvir as pessoas divergirem, para atender as pessoas mesmo quando você não gosta do que as pessoas estão falando. Você não pode ficar agressivo, você precisa entender”

Lula afirmou, na sequência, que é preciso ter paciência ao falar com as pessoas e disse que Dilma foi muito pressionada quando estava na Presidência. “Eu sou daqueles políticos que se o cara estiver contando uma piada que eu já sei, não vou dizer pro cara: ‘essa eu já sei’. Não, vou dizer: ‘conta outra vez’. Tudo bem, se for necessário rir eu vou rir. Porque a pessoa se preparou para contar aquela piada, para falar aquilo comigo. Então eu tenho que ter paciência”, disse. “Nisso eu acho efetivamente que nós cometemos um equívoco pela pressão em cima da Dilma. Vocês não acham que foi brincadeira o que aconteceu em 2013, 2014, 2015 e 2016 em cima da Dilma”.

Em busca de uma aliança com Geraldo Alckmin, Lula ressaltou que confia no ex-governador de São Paulo e disse que um acordo entre os dois para disputar a Presidência será bom para o Brasil. Lula afirmou que se for eleito para um novo mandato, o vice terá papel importante e tem a expectativa de compor uma chapa com Alckmin.

“Eu tenho confiança no Alckmin. Fui presidente [por] oito anos e tive relações com Alckmin. Sempre foram relações de respeito, relações institucionais. Se der certo de a gente construir essa aliança, eu tenho certeza de que vai ser bom para o Alckmin, vai ser bom para mim, para o Brasil e sobretudo ao povo brasileiro”, disse Lula, na entrevista à CBN do Vale do Paraíba, região de influência política do ex-governador. “É só a gente dar tempo ao tempo para ver se pode ser construída essa aliança com o partido que Alckmin vai entrar. Ele ainda não decidiu, mas tem tempo para decidir.”

Para concorrer nestas eleições, o ex-governador precisa se filiar a um partido até o início de abril. Alckmin tem negociado sua filiação com o PSB e já recebeu convites do Solidariedade e do PV. Lula, no entanto, gostaria que o ex-governador fosse para o PSD.

Em meio a conversas com tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira e o senador Tasso Jereissati (CE), Lula afirmou que precisa ter “mais gente ao seu lado” para governar, se for eleito. Nesta semana, ele deve ter um novo encontro com FHC e uma reunião com o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

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