Enquanto a eleição presidencial começa a afunilar, com a desistência de alguns pré-candidatos, como recentemente Rodrigo Pacheco (PSD), na eleição a governador da Bahia a incerteza ainda é grande. Fora a pré-candidatura de ACM Neto (UB), oficializada no final do ano passado, não há nomes definidos para o pleito que figurem nas primeiras posições nas intenções de voto.
O deputado estadual Robinho (PP) disse ao jornal A Tarde nesta última quinta-feira (10) que seu correligionário, o vice-governador João Leão, só manterá o partido na base aliada com duas condições: ficar por nove meses no cargo de governador, aproveitando o final do mandato de Rui Costa (PT), e ser o pré-candidato da base aliada ao Governo do Estado. Rui e Leão, segundo Robinho, se encontraram em Ondina nesta quarta-feira, 9, quando trataram do tema.
No entanto, Robinho disse não acreditar no acordo. “Se bem que o PT não tem mais opção nenhuma. Eu acho que depois de tanta Torre de Babel, depois de tanta trapalhada, o menos traumático seria isso. Eles [o PT] entregarem o governo para Leão, Leão ir para a reeleição, já que Otto não quer [ser pré-candidato a governador], já que o PT não tem um nome [Caetano, Moema e Jerônimo Rodrigues são os mais cotados], então o melhor nome é o de Leão”, defendeu o correligionário do atual vice-governador.
Perguntado sobre como Otto Alencar (PSD), que mostrou interesse em se reeleger ao Senado após seus oito anos de mandato, Robinho disse não enxergar o encaixe a ser feito. “Otto está perdido, porque o PT, a história que você conhece, senador sem governador vai para aonde na Bahia?”. PP e PSD, segundo Robinho, “comungam politicamente, cada um defendendo seus interesses”. Se o PT aceitasse as duas condições para manter o PP da Bahia na base aliada, o PT só poderia ter uma cabeça de chapa através de pré-candidatura ao Senado, em um ano eleitoral em que apenas um senador será eleito.
Caso as condições do PP não sejam atendidas, há duas alternativas para João Leão nestas eleições, segundo Robinho. “Uma é a composição com ACM Neto, em que Leão pode sair candidato ao Senado, e a outra possibilidade é Leão sair candidato a governador com apoio de Bolsonaro, inclusive João Roma poderia ser candidato a senador, em uma composição com o grupo de Bolsonaro da Bahia”, disse o deputado estadual, que embora faça parte de um partido da base aliada, não se considera da base aliada. “Eu sou um deputado independente, nunca fui petista”.
No plano federal, o PP apoiará o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). O presidente da legenda, Ciro Nogueira, liberou o partido na Bahia fazer parte da base aliada.
Início do imbróglio
Desde o começo das primeiras pesquisas eleitorais para governador, Jaques Wagner era o nome que aparecia como o de representante da base aliada. Em fevereiro, após reunião com o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas para a eleição presidencial, surgiu a informação de que Jaques Wagner não seria mais pré-candidato a governador e que seu lugar na disputa ao cargo seria ocupado por Otto Alencar (PSD).
Membros do PT e PSD, em sua maioria, não deram declarações públicas sobre o assunto na época. Um dos poucos que falou sobre a possibilidade foi o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Adolfo Menezes, ao dizer que “onde há fumaça, há fogo”, ao ser questionado sobre a veracidade das informações. A estratégia mobilizaria o PSD, com senador Otto Alencar na pré-candidatura ao Governo do Estado, o PT, com o governador Rui Costa deixando o Governo do Estado faltando nove meses para fazer campanha ao Senado, e o PP, com o vice-governador João Leão sendo suplente de Rui Costa ao Senado e assumindo o Governo da Bahia por nove meses.
Na semana passada, Jaques Wagner confirmou que não seria pré-candidato a governador, em seguida Otto Alencar disse que tampouco concorreria ao Governo do Estado e que queria uma vaga ao Senado, o que fez o PT repensar a estratégia de ceder nove meses de mandado para João Leão no Governo do Estado, já que Rui Costa não concorreria à única vaga ao Senado, já que a pré-candidatura parlamentar passaria a ser de Otto. Nesta semana, João Leão esteve em Brasília conversando com deputados federais do seu partido.