O deputado federal João Leão (PP) atribuiu em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM, na última sexta-feira (31) ao Estado a responsabilidade pelo atraso na construção da ponte Salvador-Itaparica. Enquanto aliado das gestões petistas, ele chegou a garantir que o projeto, lançado em 2009, com previsão de inauguração em 2013, seria entregue durante o segundo mandato do atual ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, encerrado em dezembro de 2022.
Atualmente, a obra, cuja licitação foi vencida pelas empresas chinesas China Railway 20th Bureau Group Corporation (CRCC20) e China Communications ConstructionCompany (CCCC), ainda está na fase de sondagem de águas rasas.
“A Ponte Salvador-Itaparica só não saiu até agora porque é preciso o Estado querer. Eu não sei, mas demonstra que não quer. Está tudo pronto. O Estado tem que colocar 25% do valor da obra em participação. Vamos dizer que o valor total da obra hoje seja de R$ 10 bilhões: R$ 2,5 bi, em quatro anos, o Estado tem esse dinheiro. É uma questão de prioridade. Como deputado, eu coloquei na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] deste ano R$ 2,3 bi para complementar os recursos da ponte e fazer os projetos relacionados à duplicação da Ponte do Funil. Tem dinheiro, gente. Agora, tem que correr atrás. Bota isso para andar, Rui Costa. Bota isso para andar, Jerônimo. Lulinha, meu irmão, está hora de pagar os 74% de votos do povo da Bahia”, provocou o parlamentar, na entrevista.
Rompido com o Palácio de Ondina quando ainda era vice-governador, Leão vê como “problema zero” o fato de o seu partido estar dividido – em níveis federal e estadual, os parlamentares apoiam os governos do PT, mas na capital baiana a sigla integra a base aliada do prefeito Bruno Reis (União Brasil).
“Nós jamais poderemos inviabilizar o governo Jerônimo. Da mesma forma, não tem sentido esculhambar o governo Lula. Nós queremos ajudar lá a viabilizar o Brasil e aqui a viabilizar a Bahia. Agora, tem uma coisa: o governador bote a sua cabeça de molho. Por quê? Porque na hora em que ele estiver fazendo bobagem, o PP estará contra as bobagens que ele estiver fazendo”, avisou.
Sob a afirmação de “nunca” ter se arrependido de migrar para a oposição, o congressista ainda escolheu qual foi convidado a eleger o seu pior parceiro político em sua longa trajetória. Ex-aliado de Luís Eduardo Magalhães, Jaques Wagner e Rui Costa e, atualmente, pertencente ao grupo político liderado pelo vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, João Leão diz que “não condena ninguém”, mas destacou: “Rui é um cara muito competente, mas ele não sabe lidar com as pessoas. Na competência eu dou nota 10, mas no tratamento eu dou nota 2 a ele”.