Uma das principais referências intelectuais do próximo governo, o economista André Lara Resende disparou contra a política monetária atual em artigo publicado nesta segunda-feira (26). De acordo com Lara em entrevista a Rodrigo Oliveira, do O Antagonista, a estratégia comumente adotada no mundo para o combate à inflação estaria errada e seria utilizada para prejudicar as classes mais baixas e favorecer os mais ricos.
Resende argumenta que isso teria ficado claro com a resistência do mercado financeiro à PEC da Gastança. “O gasto primário, para atender necessidades básicas da população carente, seria inflacionário, mas o gasto com o serviço da dívida, com o bolsa rentistas, não“, diz o texto assinado pelo economista e publicado na edição de hoje do Valor Econômico.
O alto patamar dos juros reais brasileiros (o mais alto do mundo, de acordo com ele) não tem auxiliado o combate à inflação e “ao contrário do que se poderia prever, a diferença entre a inflação do grupo dos altistas (países que subiram mais significativamente as taxas nos últimos meses) e a dos demais países parece ter aumentado, não diminuído“, defende.
Certo ou errado, o importante aqui é que o economista inaugura a briga por uma mudança na postura, do agora autônomo, Banco Central. Vale lembrar que em fevereiro do ano que vem, os diretores de Fiscalização, Paulo Sérgio Neves de Souza, e de Política Monetária, Bruno Serra Fernandes, encerram os mandatos, abrindo duas vagas para indicações do presidente eleito Lula.