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terça-feira 4 de julho de 2023 às 05:57h

Kim Kataguiri é escolhido em votação do MBL para concorrer a prefeito de SP

NOTÍCIAS, POLÍTICA


MBL (Movimento Brasil Livre) anunciou nesta segunda-feira (3) o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) como vencedor das prévias para escolher o candidato que o grupo quer lançar na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024. Ele obteve 56,1% dos votos, informa Joelmir Tavares, da Folha.

O outro concorrente, o deputado estadual Guto Zacarias (União Brasil-SP), ficou com 43,8% dos votos.

Nos bastidores, já era esperada a vitória de Kataguiri, que é um dos expoentes do movimento desde sua criação, em 2014, e está em seu segundo mandato. Zacarias estreou na Assembleia Legislativa neste ano e é vice-líder do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Sob aplausos, Kataguiri discursou com críticas à situação da cidade. “São Paulo precisa de alguém que vá para cima [dos problemas]”, afirmou o parlamentar, que falou na necessidade de eleger em 2024 um prefeito com “fibra moral”, “alguém com peito e vontade política”.

Segundo o MBL, 12 mil pessoas estavam aptas a participar das prévias, uma votação interna para decidir quem sairá candidato, aos moldes das feitas por partidos tradicionais, como PSDB e PT.

No total, foram 9.951 votos, de coordenadores, militantes, alunos da Academia MBL (plataforma de cursos pagos) e apoiadores cadastrados no Clube MBL (que dá acesso a conteúdos exclusivos e eventos).

A votação, online, foi aberta na última sexta-feira (30) e encerrada na tarde desta segunda.

Zacarias disse que foi uma honra perder para o rival, de quem é um admirador, e que vai atuar como coordenador de comunicação da pré-campanha de Kataguiri.

Para consolidar a candidatura, o movimento terá que resolver o impasse com a União Brasil, partido que hoje tem a tendência de apoiar a reeleição de Ricardo Nunes (MDB). O dirigente da legenda na capital paulista, Milton Leite, é um dos principais aliados do atual prefeito.

Leite já disse que a palavra final será dada na convenção municipal, no ano que vem. Uma ala do MBL aposta na tese de que até lá o partido poderá rever sua posição, principalmente se o representante do movimento aparecer bem nas pesquisas e se Nunes estiver com dificuldade de decolar.

Daí a decisão de antecipar a definição do nome para 2023, com a intenção de entrar mais fortemente na disputa e trabalhar desde já uma plataforma no campo da direita, tentando atrair segmentos sociais e partidários. O objetivo é chegar a 2024 com maior poder de pressão.

A princípio, o movimento quer evitar embates com a direção da legenda e abrir espaço para mediar uma saída. O MBL não descarta, no limite, participar da votação na convenção que definirá os rumos do partido na corrida municipal, mas a ideia é tentar antes alguma saída pactuada.

Pela legislação, deputados perdem o mandato eletivo se deixarem o partido sem justa causa. As alternativas são buscar na Justiça o direito de desfiliação, apontando perseguição, por exemplo, ou tentar forçar uma expulsão, o que não acarreta a perda do mandato.

A tarefa seguinte seria encontrar uma sigla disposta a lançar o candidato. Em paralelo, o MBL também trabalha para fundar seu próprio partido, mas a expectativa é que ele só esteja em condições de participar do processo eleitoral em 2026. Por enquanto, o grupo coleta assinaturas em apoio à criação.

O movimento participou da eleição de 2020 na capital representado pelo então deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), que terminou em quinto lugar, com 9,78% dos votos válidos.

Mamãe Falei, como é conhecido Do Val, está impedido de disputar novamente porque ficou inelegível por oito anos após a cassação de seu mandato na Assembleia em 2022. Ele caiu em desgraça após virem a público falas machistas relacionadas às mulheres ucranianas vítimas da guerra.

Como mostrou a Folha em maio, o movimento discutia o lançamento de um postulante para o pleito municipal e considerava Kataguiri o nome natural para a missão. O deputado, contudo, vinha defendendo a discussão de outros nomes e apontava Zacarias como uma das opções.

Como ambos manifestaram interesse na candidatura, o movimento decidiu em junho fazer a escolha por vias democráticas, dando aos membros o poder de escolha. A avaliação do coletivo é que há espaço na eleição paulistana para um nome de perfil liberal, jovem e combativo.

Hoje, além de Nunes, são pré-candidatos os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) —apoiado pelo presidente Lula (PT)— e Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PDT).

Como noticiou o Painel, líderes do MBL e bolsonaristas de São Paulo que têm rejeição a Nunes começaram a conversar sobre a possibilidade de unirem forças contra o prefeito em 2024.

Nesta segunda, uma reunião com representantes dos grupos para tratar do tema teve a presença de Ricardo Salles (PL), deputado federal que desistiu da pré-candidatura à prefeitura após receber sinalizações negativas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que flerta com Nunes.

O placar final das prévias foi divulgado durante um congresso do MBL em nível municipal, realizado no Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, próximo ao parque Ibirapuera (zona sul). Antes do anúncio, foi exibido o documentário “São Paulo Brasil”, produzido pelo MBL sobre a Revolução de 1932.

O presidente do MBL, Renan Santos, disse que o movimento quer contribuir para, caso Kataguiri seja eleito, liderar a oposição ao governo Lula a partir de São Paulo.

A votação interna, anunciada na penúltima semana de junho, foi precedida de atividades para que Kataguiri, 27, e Zacarias, 24, falassem sobre suas plataformas e ouvissem a população.

Os dois concorrentes participaram de uma sabatina na avenida Paulista, na qual podiam ser inquiridos por pessoas que passavam pelo local , e de um debate virtual, que teve discussões sobre temas como Plano Diretor, cracolândia, educação, mobilidade, relação com o governo federal e segurança.

Os dois revelaram opiniões semelhantes, mas propuseram caminhos diferentes para solucionar os problemas.

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