Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, negou em entrevista ao Valor Econômico, que tenha se aproximado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que caso o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), não queira se candidatar ao Planalto pela sigla, o nome de Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, é uma “boa alternativa”.
Leite confirmou na última semana que mantém diálogos com o PSD. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o tucano destacou, no entanto, que as conversas ainda estão em estágio “incipiente, muito iniciais” e não descartou concorrer à reeleição em seu estado — o que é desejado pelos membros da sua atual sigla.
“Ele [Pacheco] ainda está avaliando, foi convidado para ser candidato, pediu tempo para avaliar e está avaliando. Tem tudo para ele ser candidato, eu mesmo vou coordenar a campanha dele se ele aceitar a candidatura, ele mesmo me convidou. (…) Agora, se ele decidir que não será candidato a presidente, o [governador] Eduardo Leite é uma boa alternativa, não é?”, declarou.
Kassab já afirmou que Leite pode ser candidato ao Palácio do Planalto pelo partido, caso o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), decida não entrar na disputa — ele avalia desistir da corrida presidencial e focar na eleição para o comando do Senado em fevereiro de 2023.
Na última semana, o governador gaúcho também fez críticas à pré-candidatura do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de quem perdeu nas prévias tucanas para a Presidência, e classificou como “extremamente preocupante” o fato de o paulista não estar crescendo nas pesquisas.
Leite negou que haja uma conspiração contra Doria na legenda, mas disse considerar válido questionar a viabilidade eleitoral do escolhido.
Já sobre o encontro com Lula no dia 7 de fevereiro, como veiculado pela Folha de S.Paulo, Kassab reafirmou que o seu partido terá candidato próprio e o encontro recente com o petista “não diz nada”.
“Não tem ‘aproach’ [aproximação, em português] nenhum com o Lula, nós [o PSD] vamos ter candidato próprio. O fato de eu ter me encontrado com o Lula recentemente não diz nada. Desde 1986 que eu converso com o Lula”, argumentou.
O que diz Pacheco
Rodrigo Pacheco afirmou na última semana que considera importante que seu partido tenha um candidato à presidência da República. A fala do parlamentar ocorreu um dia após uma reportagem da Folha de S.Paulo divulgar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com o presidente nacional do PSD.
Na ocasião, Kassab declarou na Câmara não seria “impossível” uma aliança da sua sigla com o PT no primeiro turno, mas voltou a comentar que priorizará a candidatura própria de sua sigla. “Em respeito a esses companheiros [do PSD], eu não posso dizer que é impossível [a aliança com o PT no primeiro turno]. (…) Merecem todo o nosso respeito e é impossível termos uma definição sobre alianças sem a participação deles.”
Já Pacheco, em entrevista à CNN Brasil, reforçou a ideia de uma candidatura própria do partido após um encontro com Kassab.
“Eu estive com o presidente Kassab e há uma reafirmação do Kassab e da direção do PSD para uma candidatura própria à presidência. Isso é legítimo, importante”, afirmou.
Pacheco declarou que, como filiado da sigla, enxerga que uma candidatura própria pode ser trabalhada e se tornar “uma realidade” como uma terceira via de oposição a Lula e ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
“É uma avaliação que nós vamos ter que fazer nos próximos dias. Tendo uma candidatura própria, decidiremos quem será o nome. Em algum momento nós vamos ter que decidir. Acho que nos próximos dias o PSD decidirá sobre a sua candidatura própria e entrará em um processo pré-eleitoral interessante.”