Segundo Thomas Traumann, no jornal O Globo, essa última pesquisa Genial/Quaest mostra um avanço substancial da candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas Gerais, segundo colégio eleitoral do país com 16 milhões de eleitores. Na pesquisa estimulada, a vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caiu de 18 pontos percentuais para nove pontos desde a pesquisa de julho. Bolsonaro já lidera entre os homens, no segmento evangélico, entre os eleitores com ensino superior e os que ganham mais de cinco salários mínimos.
Minas Gerais é considerado o estado-pêndulo do Brasil. Desde 1955, todos os presidentes eleitos pelo voto direto venceram em Minas, incluindo Lula (em 2002 e 2006) e Bolsonaro (em 2018). Além do grande eleitorado, Minas contém disparidades regionais que reproduzem as desigualdades do Brasil. O Norte e o Vale do Jequitinhonha têm bolsões de miséria, enquanto Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, é uma das cidades mais ricas do País.
A sondagem mostra que Lula continua na frente, mas perdeu a fôlego. Na pesquisa estimulada no primeiro turno, Lula venceria por 42% contra 33% do presidente. Em julho, a vantagem era de 46% a 28%. Num eventual segundo turno, o quadro se repete. A vitória de Lula seria de 49% a 37%. Um mês atrás, era de 55% a 30%.
‘Você tem mais medo do quê?’
O voto em Minas, mostra a pesquisa Genial/Quaest, tem uma forte associação de classe. Lula tem larga vantagem entre os mais pobres, mantém vantagem entre os que recebem entre dois e cinco salários mínimos, mas perde entre os mais ricos. Perguntados do que têm mais medo, se da continuidade do governo Bolsonaro ou da volta do PT, 52% dos que ganham menos de dois salários mínimos responderam a reeleição do presidente, enquanto 52% dos mais ricos disseram que seria a vitória de Lula.
É possível inferir que o reajuste no Auxílio Brasil ajudou muito o presidente. Em julho, Lula vencia Bolsonaro entre os beneficiários do programa de 60% a 16%. Na pesquisa divulgada agora, a distância encurtou para 53% a 25%.
Existe uma correlação direta entre o crescimento de Bolsonaro na pesquisa e a redução na desaprovação ao governo. Em um mês, as opiniões negativas sobre a gestão Bolsonaro caíram de 46% para 39%, enquanto a aprovação subiu de 29% para 34%. O governo é mais aprovado do que reprovado entre os homens, eleitores evangélicos e mais ricos.