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sexta-feira 12 de agosto de 2022 às 06:33h

5G chegou e operadoras não estão de olho apenas em você – elas querem a sua empresa

NEGÓCIOS, NOTÍCIAS


De todas as narrativas do 5G, a que mais importa é esta: segundo relatório da PWC, a nova tecnologia tem potencial de impactar o mundo com US$ 1,3 trilhão até 2029, em todas as áreas — inovações na saúde (US$ 530 bilhões), aplicações de internet das coisas (US$ 330 bilhões), mídia & consumo (US$ 245 bilhões), setor industrial (US$ 134 bilhões) e serviços financeiros (US$ 85 bilhões). Conforme a revista IstoÉ Dinheiro, não é sempre que a gente vê alguém falando de trilhões. Isso será possível porque os níveis de conexão alcançados pela nova frequência devem ampliar as informações visíveis pelas empresas, possibilitando novas oportunidades. Traduzindo, mais e melhores produtos, serviços, experiências. O chamado crescimento na veia.

No Brasil, esse novo mundo estreou dia 5 de julho, data que marcou o lançamento em Brasília do 5G pelas operadoras. A frequência depois foi liberada também para outras capitais, incluindo o campo de batalha mais emblemático: a cidade de São Paulo, onde a quinta geração das redes móveis chegou dia 4 deste mês. Com seus 12,4 milhões de habitantes, maior que 23 das 27 unidades federativas do País, ela será o melhor laboratório para as pessoas e, especialmente, para as corporações. A briga, no entanto, se dará por todo o território nacional. Players parrudos — Claro, TIM e Vivo — ficaram com os lotes nacionais e regionais do leilão. Mas há outros que ficaram com lotes menores, de atuação regional — como Algar, Brisanet, Ligga (ex-Copel) e Winity II. Wendell Oliveira, diretor-presidente da Ligga, disse à DINHEIRO que a companhia terá sua estratégia voltada tanto ao consumidor final quanto o segmento de B2B. “O foco no cliente corporativo se justifica porque os projetos grandes, de longo prazo, têm alta rentabilidade”, afirmou. “O 5G será para as empresas o que o 4G foi para as pessoas.”

ISMARINGBER

“Foi importante fomentar a discussão do tema no segmento empresarial, que precisa do 5G e estamos discutindo com os parceiros as aplicações” Leonardo Capdeville CTIO da TIM.

Um raciocínio seguido também pelos grandes players. Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, disse à DINHEIRO que a companhia se prepara para o 5G desde 2019, tendo feito pilotos em Campina Grande (PB), Florianópolis (SC) e Santa Rita do Sapucaí (MG). “Foi importante fomentar desde lá a discussão do tema no segmento empresarial, precisa do 5G standalone [soluções autossuficientes]”, afirmou Capdeville. A tecnologia será estratégica para as empresas porque atende ambos os aspectos decisivos do universo da telecomunicação: latência e velocidade. A Vivo também está de olho no segmento corporativo. “Será um espaço para as empresas criarem serviços e experiências imersivas”, disse Márcio Fabris, vice-presidente de Marketing e Vendas da empresa, por meio de comunicado. “Abrimos um mundo de possibilidades para clientes e sociedade em geral.” O executivo disse também que o 5G trará “a estabilidade que as companhias tanto buscam para seus sistemas on-line” e deve fomentar a internet das coisas. Na Claro, também por meio de nota, a empresa afirmou que “o 5G vai trazer ganhos de experiência para o mercado consumidor e atender às necessidades do mercado B2B.”

Eficiência

A TIM, em parceria com a Stellantis — conglomerado automotivo dono de marcas como Citroën, Chrysler, Fiat, Jeep, Maserati, Peugeot, entre outras —, realizou uma experiência de aplicação da tecnologia na fábrica de Goiana (PE). Segundo o CTIO da companhia, foi possível ajudar a melhorar o processo de qualidade da linha de montagem dos veículos, através de uma câmera conectada à rede 5G. “Estamos discutindo com os parceiros as aplicações possíveis”, disse Capdeville. “Para trazer esse ganho de eficiência”. Para o executivo, os três maiores segmentos que devem se beneficiar da nova geração são o agronegócio. A ponta de lança do Brasil, vai fazer uma diferença brutal, a logística e a indústria de base. “Temos de ver a possibilidade de recuperar esse gap de competitividade no setor industrial”. Especialmente em relação ao setor industrial é que ele se mostra mais otimista. “Precisamos dar um salto para recuperar essas décadas de atraso, e o 5G abre essa oportunidade”. E um dos efeitos previstos pelo executivo da TIM é a explosão do home office na pandemia. Mudando comportamentos. “Vai se tornar uma realidade na indústria.”

A modalidade de trabalho remoto é a queridinha de 78% dos brasileiros, que gostariam de continuar com a prática após a pandemia, segundo estudo da FEA-USP com a Fundação Instituto de Administração. A reação dos usuários é boa. São comuns comentários em redes sociais do tipo “5G em São Paulo está melhor que a internet fibra que tenho em casa”, o que não surpreende. A velocidade média de internet no Brasil é de 93 mbp/s para banda larga fixa (32º lugar no mundo) e 22 mbp/s em redes móveis (80º lugar), segundo o Speedteste Global Index, da Ookla. Por mais que as velocidades estejam de acordo com o 1 gigabit por segundo especificado pela Anatel, alguns usuários alegam que a latência ainda não é o ideal, chegando a no máximo 13 milissegundos e longe do 1 milissegundo que a tecnologia promete.

Divulgação

“O preço não pode ser um entrave para a população, deve-se encontrar gradualmente uma nova maneira de tarifação. É um ponto importante que as operadoras vão ter que olhar” André Miceli CEO do Mit Tech Review Brasil.

Com as velocidades nas alturas, uma preocupação surgiu na cabeça dos usuários: meu plano vai dar conta? O movimento natural é que os telefones comecem a consumir mais dados do pacote contratado. Capdeville disse que é normal que os pacotes sejam adequados com o tempo, “à medida que vemos que o perfil muda, os pacotes mudam”, disse. “Mas numa curva histórica, o preço do giga dos pacotes caiu muito.” Segundo ele, a TIM quer que os usuários aproveitem do que a tecnologia pode proporcionar. “É dar o potencial para os clientes utilizarem o 5G da melhor maneira e até lá a gente vai conhecendo qual é o perfil, do que o cliente precisa e do que não”.

Só em 2026

André Miceli, CEO e editor-chefe do MIT Tech Review Brasil, disse à DINHEIRO que um ponto de atenção é a democratização do acesso. “O preço não pode ser um entrave para a população”, afirmou. Ele acredita que deve se encontrar gradualmente uma nova maneira de tarifação, que não seja ligada ao consumo de dados, ou pacotes “de tantos gigas para tantos gigas”, disse. “É um ponto importante que as operadoras vão ter que olhar”. Nesse quesito, os apps também vão ter de se adaptar. Nos serviços de streaming e redes sociais já têm configurações em que o usuário pode escolher por um uso de dados reduzido, diminuindo a qualidade das fotos, vídeos, áudios, entre outros recursos. “Isso deve ser geral para todos os apps com grande consumo de dados”, afirmou Miceli.
Cuidados naturais para uma tecnologia que promete ser transformadora. E no qual o Brasil chega um pouco tarde. Moisés

Moreira, conselheiro da Anatel e presidente do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência na faixa de 3.625 a 3.700 MHz (Gaispi), afirmou à DINHEIRO que a obrigação para atender às especificações técnicas mais avançadas vai até 29 de setembro. Ele reforça que o planejamento vai seguir o cronograma, atingindo uma antena para cada 10 mil habitantes em 2025. “Em 1º de janeiro de 2026, todos os municípios brasileiros devem ter 5G pura”, disse. Um prazo dilatado é o lado ruim da história. O lado bom é que pode fazer a economia dar um salto.

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