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terça-feira 10 de setembro de 2024 às 17:15h

‘Jogo Político’: Eduardo Cunha e Rodrigo Maia analisam a sucessão de Arthur Lira

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A sucessão na Câmara dos Deputados teve novos movimentos na semana passada, e fui conversar com Eduardo Cunha e Rodrigo Maia, os dois antecessores do deputado Arthur Lira (PP) no comando da Casa. O primeiro virou presidente do Republicanos no Rio de Janeiro, conforme Thiago Prado na newsletter Jogo Político, e afirma que Cunha adora falar em público o que pensa – toda semana, seu WhatsApp dispara a coluna que escreve no site Poder 360 para uma lista de transmissão. O segundo, Rodrigo Maia, agora, é presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras e, quanto menos aparecer, melhor, ele mesmo afirma.

Cunha é uma espécie de fantasma para a esquerda desde o impeachment de Dilma Rousseff e, de tempos em tempos, o bicho-papão aparece no noticiário como uma ameaça ao PT. Desde a última quarta-feira, o ex-deputado foi vinculado em diversos perfis publicados na imprensa ao paraibano Hugo Motta (Republicanos), o mais novo favorito a suceder Arthur Lira no comando da Câmara.

Você, leitor, pode achar esse assunto chato, mas ele diz muito sobre o futuro do governo Lula até 2026. O presidente da Câmara comanda o orçamento bilionário das emendas, dita a pauta de votações do plenário e, como a própria história já mostrou, pode apertar o botão da derrubada de presidentes.

Sugiro ler as três matérias abaixo para entender os bastidores do que está em jogo em Brasília com a sucessão de Lira:

Cunha me atendeu às 11h36 ontem de manhã. A conversa foi assim:

Deputado, tudo bem? Liguei para falar sobre a sucessão na Câmara, e a pergunta que mais circulou na semana passada: eleger Hugo Motta é colocá-lo no comando da Casa novamente?

Isso é bobagem. Sou muito mais amigo do Arthur Lira e ninguém nunca disse que a eleição dele era minha vitória. É difícil alguém não ter relação comigo.

Mas o senhor sempre nega qualquer coisa, né?

Eu falo a verdade sempre.

O presidente Lula perguntou a Hugo Motta sobre a proximidade com o senhor. Isso não vai acabar prejudicando o deputado?

Esse problema não existe. Nunca tive, até agora, qualquer militância contrária ao governo. O Fufuca também está nas fotos que foram publicadas na imprensa na semana passada, em que o Hugo aparece do meu lado, e nem por isso deixou de ir para a Esplanada. Aliás, tem pelo menos quatro ministros que são meus amigos, fora a Daniela do Waguinho, que também já foi da equipe.

Então, Hugo Motta tornou-se o favorito para suceder Lira?

Sim. Arthur, de burro, não tem nada. Viu que o Antonio Britto estava virando um adversário forte, que o Marcos Pereira tinha dificuldades com Bolsonaro e que o Elmar não se consolidava. Ele até queria o Elmar, mas o Hugo é o candidato com trânsito mais natural.

E essa aproximação do PSD com o União Brasil que manteve viva a candidatura de Elmar?

É uma guerra que apenas se anunciou, mas na hora de contar os tanques, ninguém vai para o front. Não vale a pena.

Às 13h18, foi a vez de Rodrigo Maia me atender. Explicou que não queria ver seu nome vinculado a opiniões sobre os movimentos na Câmara, mas deixou escapar palpites semelhantes a Cunha: 1) Hugo Motta virou sim o favorito na disputa. 2) A versão de que ele é um indicado do ex-deputado do MDB “é besteirol”. “Hugo também teve relação comigo, construiu isso com todos”.

Nos últimos sete dias, começaram as matérias que chafurdam a vida de Hugo Motta. O site Metrópoles e a revista Veja trataram das emendas milionárias que o deputado enviou para a prefeitura de Patos (PB), administrada por seu pai. O parlamentar agora estará na chuva até 1º de fevereiro, o ainda bem distante dia da eleição na Câmara.

Marçal e o efeito backlash?

Na terça-feira passada, o colega Sergio Martins publicou coluna no jornal “O Estado de S. Paulo” falando sobre a volta do Oasis e o efeito “backlash” do histórico álbum “Be Here Now”, o terceiro do quinteto. “Chegou e foi saudado como a obra-prima das obras-primas… Meses depois, o Oasis sofreu uma rejeição como poucas vistas no mundo da música”. Martins explica o fenômeno: “A obra causa no ouvinte e no crítico a mesma ilusão do ser humano que jura ter achado o amor da sua vida… Com o passar do tempo, essa lua de mel dá vez às percepções dos defeitos e das sombras que a pessoa não enxergava”.

Fenômeno que triplicou sua intenção de votos nas pesquisas em um mês, Pablo Marçal enfrentará um efeito backlash na campanha? É o que esperam os adversários que viram a rejeição ao ex-coach subir no Datafolha da semana passada.

Mais debates estão por vir, mas há quem aposte em um esgotamento do estilo Marçal na TV. “A fórmula focada nos xingamentos – ‘bananinha’, ‘Boules’ ou ‘Chabata’ – parece ter se esgotado. A imagem que se fixa é a de um provocador”, escreveu Maria Cristina Fernandes, no Valor, após o último embate, na TV Gazeta.

O livro não é bom, mas, se você quer se aprofundar em conhecer Marçal, precisa estudar, lendo e ouvindo seus conteúdos. Antes, outra recomendação: O GLOBO de domingo fez um raio-x completo da construção da fortuna do ex-coach, vale muito ler.

Aqui, um trecho do livro em que mostra uma infância psicologicamente turbulenta dentro da casa do candidato do PRTB:

“Quando eu tinha 5 anos de idade, meu pai traía a minha mãe com várias mulheres e a minha mãe, uma jovem sem estrutura emocional, também o traiu. Interessante que o meu pai, ao descobrir, resolveu matar a minha mãe. Ele chegou em casa decidido a tirar a vida dela, mas, (…), ao me ver, pensou em quem cuidaria de mim e da minha irmã.” Logo depois, o vocabulário coach aflora: “O neocórtex do meu pai voltou a operar e ele resolveu somente se divorciar da minha mãe”.

Junto com o Podpah, Flow e Inteligência Ltda são três dos podcasts de entrevistas mais importantes do Brasil, craques em arrancar informações interessantes e exclusivas de políticos que nós da imprensa tradicional não conseguimos. Na semana passada, o episódio 397 do Flow trouxe uma conversa do apresentador Igor Coelho com Rogério Vilela, do Inteligência Ltda. Além da resenha sobre quadrinhos e cultura pop, os dois trataram do ofício de entrevistar figuras públicas:

“Isso é uma arte, não é fácil conversar com uma pessoa, apesar de parecer. Tem gente que desperdiça oportunidade com entrevistados por não usar as ferramentas certas, como um cantor que desafina ou um pintor que não sabe usar as tintas. Não é todo mundo que sabe trocar ideia e escutar pessoas”, definiu impecavelmente Vilela.

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