Chegamos à última semana das eleições e você, leitor, está sendo bombardeado com resultados diferentes de pesquisas nas corridas para as prefeituras de Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG). Esse é um grande tema da disputa do próximo domingo: os institutos vão calar os críticos das imprecisões de dois anos atrás e acertar mais, como em 2020?
Houve um tempo em que o mercado de institutos era concentrado em apenas uma empresa: o Ibope, hoje chamado de IPEC, e personificado na figura de Carlos Augusto Montenegro. Procurei o economista e empresário para saber seus palpites para o dia 6.
Segundo Thiago Prado na newsletter Jogo Político, Montenegro faz o que todo jornalista gosta: se arrisca a prever resultados. Já acertou vários ao longo da sua trajetória, mas ficou marcado pela entrevista para “Veja” em agosto de 2009 quando disse que Lula não elegeria Dilma Rousseff: “Foi-se o tempo em que um líder popular elegia um poste”, equivocou-se, como o próprio admitiu durante a campanha daquele ano mesmo.
O palpite que Montenegro se recusa a dar é sobre o Botafogo, clube que presidiu na conquista do Brasileiro de 1995. “Isso é sem previsão, é jogo a jogo depois de tudo que aconteceu no ano passado”. Mas admite quem prefere enfrentar numa hipotética final da Taça Libertadores caso o clube de coração passe pelo Peñarol. “O Atlético Mineiro. Tenho trauma do River Plate desde a Sul-Americana de 2007. Ganhamos o jogo de ida por 1 a 0, vencíamos por 2 a 1 na volta na Argentina e eles viraram o jogo para 4 a 2. Era o início do Falcão Garcia no River”, lembra, com memória afiada sobre a maior paixão da sua vida.
Abaixo os principais trechos do papo com Carlos Augusto Montenegro, o “senhor Ibope”:
As pesquisas não correm o risco de errar resultados como em 2022?
Não vai ter eleição igual a 2022. Houve uma onda de direita para governos estaduais e Congresso na reta final. Desta vez, os institutos vão acertar muito mais. Não acredito em voto silencioso. De quem o Lula ou Jair Bolsonaro gostam, não interessa.
Bolsonaro passou a deixar mais claro que seu candidato é o Nunes…
Deixou nada, Bolsonaro nunca se definiu claramente em São Paulo. Está sendo malandro e burro ao mesmo tempo. Estão preocupados com o Pablo Marçal assumir o lugar dele no futuro.
Afinal, quem vai assumir o papel de liderar a direita pós-Bolsonaro?
Não vejo outro nome além do Tarcísio de Freitas. Sei que o [Gilberto] Kassab não quer, mas vai ter de ser ele o candidato a presidente. Tem a formação de ter passado pelo IME; as experiências do DNIT em um governo de esquerda, o Ministério da Infraestrutura de uma administração de direita, além, é claro, da passagem pelo governo de São Paulo. O principal: não traiu o Bolsonaro, o grande erro do João Doria . Mas também não é bobinho para baixar a cabeça para tudo. Se precisar ir ao Lula para fazer um túnel que liga Santos ao Guarujá, vai. Assim como abre o Palácio dos Bandeirantes para Bolsonaro dormir.
E qual seria a chapa ideal para o Tarcísio?
Acho que o [Romeu] Zema seria um puta vice. São Paulo e Minas, café com leite.
Mas Lula não continua favorito?
Você acha? O IPEC fez uma pesquisa recente que mostrou que a maioria prefere que o Lula não seja candidato à reeleição.
Mesmo com a taxa de desemprego baixa como está no momento?
Isso não quer dizer nada, tem subemprego. Existe muita coisa do Lula que não cola mais com boa parte da população e que não soa novo. Além disso, ele terá o problema da idade em 2026, assim como o [Joe] Biden teve nos Estados Unidos.
Ele não será candidato, então?
Acho que não. O problema é que a esquerda não se renovou. O único nome diferente que vejo hoje é o do prefeito do Recife, João Campos, muito jovem. Devemos ter Tarcísio contra Fernando Haddad, que é preparado, mas falta carisma.