Após semanas de queda de braço política, o presidente Joe Biden promulgou neste último sábado (3) a lei que eliminou o risco de calote da dívida dos Estados Unidos.
Nessa semana, o Congresso aprovou a “Lei de Responsabilidade Fiscal de 2023”, que suspende o teto da dívida pública americana até janeiro de 2025 e fixa determinados objetivos orçamentários.
Sem esta legislação, aprovada na quinta-feira pelo Senado, de maioria democrata, e na quarta-feira pela Câmara dos Representantes, de maioria republicana, a maior economia do mundo corria o risco de não poder honrar com seus compromissos a partir desta segunda-feira (5).
“Nada teria sido mais irresponsável nem mais catastrófico”, afirmou Biden em seu discurso na sexta-feira.
“Encontrar um consenso para além das diferenças partidárias é difícil. A unidade é difícil, mas nunca devemos deixar de tentar”, acrescentou o presidente, repetindo a mensagem de reconciliação que marcou o início de seu mandato e que agora é o lema de sua campanha para 2024.
O que estava em jogo nesta queda de braço financeira com o Congresso era também muito político.
Como candidato à reeleição, Biden sabe que sua primeira desvantagem é a idade, 80 anos. Agora ele espera que, depois de resolver o problema que quase levou os Estados Unidos a um constrangedor default, sua liderança seja reforçada.
Biden também teve palavras elogiosas para o líder republicano da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, seu principal oponente nas negociações.
Para McCarthy, tratava-se de consolidar sua autoridade sobre um grupo parlamentar diversificado, que abrange desde conservadores moderados até fervorosos apoiadores do ex-presidente Donald Trump.
Também candidato presidencial para 2024, Trump defendia uma postura mais dura nas negociações com a Casa Branca.
No final, cada lado pôde comemorar uma vitória. Os republicanos estão satisfeitos porque conseguiram congelar alguns gastos, enquanto os democratas preservaram a maior parte dos benefícios sociais e os grandes investimentos.
É improvável que essa batalha sobre as finanças públicas, que já ocorreu durante a presidência de Barack Obama, tenha muita influência nas eleições de 2024, mas deixou marcas.
A agência de classificação de risco Fitch manteve em revisão a valiosa nota AAA dos Estados Unidos, lamentou a “polarização política” e constatou “uma deterioração constante da governança nos últimos 15 anos”.
Como quase todas as economias desenvolvidas, os Estados Unidos vivem de crédito e, em termos absolutos, têm a maior carga de dívida do mundo.
No entanto, nenhum outro país industrializado enfrenta regularmente um teto rígido de dívida que precisa ser seguidamente elevado pelo Congresso.