João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, que se apresentava como médium na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), foi condenado a mais 44 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, por quatro crimes de estupro, sendo dois deles de vulnerável. A sentença, do juiz Marcos Boechat, da comarca de Abadiânia, foi publicada nesta quinta-feira (25) pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), mas o teor completo da decisão não foi divulgado.
Os casos de estupro ocorreram entre 2009 e 2018. João de Deus foi denunciado em cinco casos, mas foi absolvido em um deles, por insuficiência de provas. A Justiça goiana fixou indenizações por danos morais às vítimas em valores que variam de R$ 20 mil a R$ 75 mil. João de Deus poderá recorrer da sentença. Atualmente, ele está em prisão domiciliar, que foi decretada em outro processo.
João de Deus sempre negou todas as acusações de crimes sexuais. A defesa do condenado informou que ainda não foi intimada, e que não sabe o teor da condenação.
As denúncias contra João de Deus vieram à tona em 2018, após relatos de vítimas à imprensa. Depois dos primeiros casos, outros surgiram, e centenas de mulheres informaram que haviam sido vítimas do suposto médium ao longo de décadas de atuação em Abadiânia. A casa recebia em alguns dias da semana, quando João Teixeira fazia atendimentos, mais de 5 mil pessoas. Ele abusava das mulheres sob a alegação de que fazia parte do tratamento, e quando algumas o questionavam ele as coagia, dizendo que não encontrariam a cura para o que procuravam.
Em dezembro de 2018, poucos dias após as primeiras denúncias, João de Deus foi preso pela primeira vez. Ele saiu da prisão no início da pandemia da Covid-19, em março do ano passado, e ficou detido em sua residência. Ele voltou a ser preso em agosto deste ano, acusado de estupro de vulnerável. Em setembro, a Justiça determinou que ele voltasse a cumprir prisão domiciliar.
João de Deus tem outras três condenações por crime sexual. Em janeiro do ano passado ele foi condenado a 40 anos de prisão por estupro de cinco mulheres durante atendimentos na Casa Dom Inácio. A última condenação havia sido em maio deste ano, por violação sexual mediante fraude.