A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi uma das figuras públicas que lamentaram publicamente a morte de Jô Soares, nesta sexta-feira (5). Em sua homenagem, a petista aproveitou para relembrar o período de seu processo de impeachment, durante o qual o apresentador foi “a única voz dentro da Globo” que a ouviu.
– Quando eu estava sob intenso ataque da mídia e dos adversários políticos, pouco antes do processo de impeachment, em abril de 2016, ele abriu seu programa para me entrevistar – escreveu em seus perfis no Twitter e no Instagram.
A entrevista ocorreu em 2015, pouco antes do então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha abrir o processo de impeachment da ex-presidente. Dilma classificou Jô “um democrata e um artista de princípios”, por tê-la dado espaço, mesmo em meio a críticas na época.
– Foi uma conversa respeitosa e muito importante. Jô foi a única voz dentro da Globo disposta a me ouvir naquele momento. E disso eu não me esqueço. Ele foi um democrata e era um artista de princípios – declarou.
De acordo com Jô Soares na época, a entrevista chegou a lhe render ameaças.
– Pintaram na porta da minha casa “morra, Jô Soares”, mas aí eu resolvi não concordar – disse em conversa com Fábio Porchat.
Dilma Rousseff havia sido a segunda presidente em exercício a ser entrevistada por Jô, sendo Fernando Henrique Cardoso o primeiro, em 1998.
– Sempre vou entrevistar um presidente da República, é minha obrigação. Fiz todas as perguntas que todo mundo queria saber – justificou Jô Soares.
E completou:
– Ficaram loucos da vida porque não entrei em debate, mas não é minha função. Na hora que eu começo a debater, eu tomo partido.