Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiram nesta segunda-feira ao evento Democracia Inabalada, organizado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva após um ano dos ataques golpistas de 8 de janeiro. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), por exemplo, compartilhou um provérbio bíblico na rede social X (antigo Twitter) e afirmou que passaria o dia em jejum e oração “pela nação”.
Deuteronômio 31:6-8: "Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o SENHOR, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará".
Seguimos em jejum e oração de 24h, desde às 00:00h de hoje, clamando a Jesus pela nossa nação…
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) January 8, 2024
Já o deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo) classificou as prisões dos envolvidos com o ato em Brasília no ano passado como “absolutamente ilegais” e afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) está violando direitos e garantias individuais. O ex-procurador da Lava Jato disse conforme Luis Felipe Azevedo, do O Globo, que o maior ataque à democracia do 8 de janeiro não foram as invasões aos prédios e a depredação do patrimônio público — ainda que sejam condutas definidas por ele como criminosas —, mas os pretextos criados pelo sistema para “legitimar os abusos”.
“A narrativa que o sistema criou sobre o 8 de janeiro serve apenas como mais um escudo e espada para serem usados contra qualquer um que tente enfrentá-lo, já que agora ele se considera defensor, salvador e protetor da democracia”, escreveu Dallagnol no X (ex-Twitter).
Um ano depois do 8 de janeiro, 65 pessoas estão presas preventivamente sem terem sido julgadas; apenas 33 foram denunciadas pela PGR, de modo que 32 pessoas estão PRESAS há um ano SEM DENÚNCIA, segundo levantamento da CNN.
O art. 312 do Código de Processo Penal dispõe que a… https://t.co/AKBtuLS2lT
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) January 8, 2024
O deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), por sua vez, questionou na mesma rede social “o que se tem a comemorar” neste dia e afirmou que o evento é “uma tentativa de manutenção de uma narrativa criada por parte da extrema esquerda”.
Ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações no governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten afirmou, após pontuar que os “atos de 8/1 merecem absoluto repúdio”, que testemunhou “atos políticos, narrativas vazias, roteiros persecutórios, retrospectiva oportunista de um Governo que vive do passado longínquo”.
Os atos de 8/1 merecem absoluto repúdio e os culpados pelas depredações merecem julgamentos conforme a lei.
O que testemunhei hoje, foram atos POLÍTICOS, narrativas vazias, roteiros persecutórios, retrospectiva oportunista de um Governo que vive do passado longínquo.
Aprendi…— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) January 8, 2024
“O slogan do atual governo é União e Reconstrução. Passado um ano, não tivemos nem União nem Reconstrução. Já podemos processar por propaganda enganosa?”, escreveu Wajngarten no X.
Quem também não poupou críticas à gestão petista foi o senador Jorge Seif (PL-SC). O parlamentar ironizou o uso da expressão “golpe” e acusou o governo Lula de ter sido “omisso e conivente”.
“Um ‘golpe’ de quem se diz defensor da democracia, mas enaltece o comunismo, um golpe de quem diz defender a liberdade, mas pratica a censura e viola os direitos humanos. O 8 de Janeiro foi uma data lamentável para o nosso país, um evento que não pertence a ideologias políticas e que não deve ser comemorado”, escreveu o senador no X. nesta segunda-feira.
Seif também parabenizou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), por não ter comparecido ao ato em Brasília. Lira está em Alagoas em razão de problemas de saúde na família, segundo a assessoria do político. O senador ironizou e afirmou que Lira “não é palhaço para participar de circo” e que “nessas horas vale a pena até virar médico para cuidar de familiares adoentados”.
Parabéns Presidente @ArthurLira_ . O senhor não é palhaço para participar de circo. Nessas horas vale a pena até virar médico para cuidar de familiares adoentados. TMJ👊🏼🇧🇷 pic.twitter.com/MsbGttEArY
— 🇧🇷 Jorge Seif Junior (@jorgeseifjunior) January 8, 2024
O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) também utilizou ironia ao tratar sobre o evento organizado pelo governo Lula. “Ato pela ‘democracia’ reuniu as personalidades mais ‘honestas’ desse país comprometidas a lutar ‘contra’ os abusos de poder e a ditadura”, escreveu no X. Já o senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirmou na rede social, na manhã desta segunda-feira, que o país assistiria a um “ato pela democracia relativa”.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro optaram por homenagear Cleriston Pereira da Cunha, preso pelo ato golpista em Brasília, que morreu em novembro do ano passado após sofrer um mal súbito no Complexo Penitenciário da Papuda, no Instagram. “Patriota Clezão”, diz a imagem postada no Instagram com o esboço do apoiador do ex-presidente e sua data de nascimento e falecimento.
Já o próprio Jair Bolsonaro, embora não tenha tratado do assunto em suas redes sociais, falou do tema em entrevista à CNN na manhã desta segunda-feira. À emissora, o ex-presidente criticou as penas impostas a envolvidos com o 8 de janeiro no STF.
— Houve vandalismo, sim. Alguns exagerados, mas não era para eles esse tipo de pena, 17 anos de cadeia — opinou, antes de prosseguir: — Nem traficante (está) pegando 17 anos de cadeia. Que absurdo é esse? Que democracia a gente vive? Vão ficar quietos até quando? Com essas decisões, jogaram um balde de água fria nos movimentos de rua.