segunda-feira 29 de abril de 2024
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; o presidente Lula; e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates — Foto: Divulgação
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quarta-feira 7 de fevereiro de 2024 às 15:41h

Jean Paul Prates trabalha para aumentar influência do PT no conselho da Petrobras

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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, articula uma ofensiva com o objetivo de ampliar o controle do PT sobre o Conselho de Administração da estatal e remover segundo a coluna de Malu Gaspar, do O Globo, os conselheiros ligados ao ministro de Minas e Energia (PSD), Alexandre Silveira.

A equipe da colunista apuraram com fontes da empresa e do governo que Prates já tentou convencer o Palácio do Planalto a indicar a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, para ocupar o lugar do atual presidente do conselho, Pietro Mendes, que é ligado ao ministro das Minas e Energia.

Por enquanto, nenhum dos dois topou. Procurado, Mercadante afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que a discussão sobre sua possível ida para o colegiado da Petrobras é “pura especulação”.

Mas a tese de que o conselho da petroleira deve ser comandado pelo PT e não por aliados do Centrão vem ganhando espaço no entorno de Lula, e conta com o apoio de Fernando Haddad, que pela costura em curso indicaria para uma vaga no colegiado seu assessor especial para transição energética Rafael Dubeux.

Dubeux entraria no lugar de Victor Saback, apadrinhado do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

O ministro das Minas e Energia detectou a movimentação de Prates e está trabalhando para impedi-la. Silveira já esteve com seu colega da Casa Civil, Rui Costa, e cobrou o cumprimento de um acordo do início do mandato de Lula, pelo qual o grupo do ministro comandaria o conselho e Prates (e portanto o PT) controlariam a diretoria.

Tem sido assim desde então, mas como os mandatos terminam em abril e um novo conselho deve ser aprovado pela assembleia geral de acionistas marcada para dia 25 de abril para os próximos dois anos, a movimentação em torno do assunto na companhia e no governo se intensificou.

A disputa entre Silveira e Prates, que já teve picos de tensão e acusações públicas mas andava arrefecida, tem potencial para causar mais uma crise entre o governo e o Centrão, bloco político que já anda rebelde por conta do embate a respeito da liberação de emendas parlamentares. Não só porque Silveira é do mesmo partido e grupo político do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) , mas também por ser aliado de Alcolumbre, que pretende disputar a sucessão de Pacheco em 2025.

Por isso, uma ala do governo considera que será difícil Prates ganhar essa queda de braço com Silveira. Duas fontes próximas ao CEO da Petrobras com quem conversei nos últimos dias afirmam que só o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode decidir essa questão. Mas avaliam que ele deve esperar que os dois lados gastem todos os seus cartuchos para só então decidir.

No momento os nomes dos conselheiros indicados pelo governo para o próximo mandato já estão em avaliação pelos comitês internos da Petrobras. Além de Mendes e Saback, também foram incluídos na lista Renato Galuppo, próximo de Rodrigo Pacheco, Sérgio Rezende, indicação de Lula, Bruno Moretti , e o próprio Jean Paul Prates – o CEO é sempre membro do conselho.

A companhia ainda vai escolher quatro representantes dos acionistas minoritários e um dos funcionários. Uma vez aprovados nos processos internos da estatal, os nomes serão submetidos ao conselho. Só depois serão enviados à assembleia.

É o Conselho de Administração que define os rumos da companhia, deliberando sobre a estratégia e os investimentos mais relevantes.

Um dos focos de tensão entre Silveira e Prates é o investimento em energia eólica. Os aliados do ministro consideram que iniciativas como a instalação de usinas eólicas em alto mar – as chamadas eólicas offshore – estão superdimensionadas, enquanto Silveira prefere focar em gás e refinarias.

Também causou bastante ruído o fato de que, à frente do MME, Silveira patrocinou agendas favoráveis ao setor do gás. Em novembro, um “jabuti” gestado dentro da pasta pelo então secretário-executivo, Efrain Cruz, que favorecia os interesses do empresário Carlos Suarez, conhecido como rei do gás, acabou incluído no projeto de lei que regulamenta as eólicas offshore aprovado pela Câmara dos Deputados. Em janeiro, o secretário foi demitido e deixou também o conselho.

Além disso, setores do PT e a própria Federação Única dos Petroleiros (FUP) — pilar importante de sustentação política de Prates na presidência —- já criticaram publicamente as escolhas do ministro de Minas e Energia para a Petrobras, que acusam de indicar “bolsonaristas” para a gestão da estatal sob um governo petista.

Embora não seja tão próximo do núcleo duro de Lula — Silveira tem muito mais proximidade com o ministro Rui Costa e com a primeira-dama, Janja, por exemplo —, Prates se aproximou de Haddad nos debates sobre a política de preços da empresa, como publicamos em novembro passado.

Já no caso de Mercadante a proximidade maior se deu nas discussões sobre iniciativas da companhia no campo da transição energética.

Para Prates, a escolha do atual presidente do BNDES se justificaria em função do banco de desenvolvimento ser o maior acionista isolado da Petrobras, atrás apenas do governo federal.

Mercadante não precisaria abrir mão do comando do BNDES para assumir a presidência do Conselho de Administração. Pietro Mendes, o atual dirigente, acumula a função com a secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME.

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