domingo 17 de novembro de 2024
Fotos da execução pública de Majidreza Rahnavard, em 12 de dezembro de 2022 na cidade iraniana de Mashhad, divulgadas pela agência de notícias iraniana Mizan - MIZAN NEWS/AFP
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segunda-feira 12 de dezembro de 2022 às 08:04h

Irã tem segunda execução pública de condenado à morte por participação em protestos

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O Irã executou publicamente um segundo condenado por sua participação nos protestos que abalam o país desde setembro, apesar da indignação internacional provocada pela aplicação da pena de morte contra pessoas envolvidas nas manifestações.

Majidreza Rahnavard foi condenado à morte por um tribunal da cidade de Mashhad (nordeste) pela acusação de assassinato de dois membros das forças de segurança.

Ele foi enforcado nesta segunda-feira (12) em público e não dentro da prisão, informou a Mizan Online, agência de notícias do Poder Judiciário.

Esta é a segunda execução relacionada com os protestos, após o enforcamento na quinta-feira da semana passada de Mohsen Shekari, um jovem de 23 anos condenado por atacar e ferir um paramilitar.

A Mizan Online divulgou imagens da execução de Rahnavard, que mostram um homem com as mãos amarradas às costas e pendurado em uma corda presa a um guindaste.

“A execução pública de um jovem manifestante, 23 dias após sua detenção, é outro crime grave cometido pelos governantes da República Islâmica e uma escalada significativa no nível de violência contra os manifestantes”, declarou à AFP Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

“Majidreza Rahnavard, que foi condenado à morte com base em uma confissão obtida sob coação, após um julgamento flagrantemente injusto e um processo espetáculo”, acrescentou.

A execução desta segunda-feira foi a primeira em público vinculada aos protestos que começaram após a morte em 16 de setembro de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que faleceu depois de ser detida pela polícia da moralidade por supostamente violar o rígido código de vestimenta que as mulheres devem respeitar no país.

Desde sua fundação em 1979, a República Islâmica do Irã registrou várias ondas de protestos, mas a atual crise não tem precedentes por sua duração, por acontecer em várias províncias, incluir diferentes grupos étnicos e classes sociais e, em particular, pelos pedidos diretos de fim do regime.

O Poder Judiciário iraniano anunciou 11 condenações à morte relacionadas com os protestos, que o governo chama de “distúrbios”.

Mas os ativistas afirmam que outras 12 pessoas enfrentam acusações que podem resultar na pena capital.

 “Julgamentos fictícios”

“Sem o devido processo. Julgamentos fictícios. É assim que eles querem parar os protestos em todo o país”, disse Omid Memarian, analista para o Irã na organização ‘Democracy for the Arab World Now’ (DAWIN).

Rahnavard foi detido em 19 de novembro quando tentava fugir do país, indicou a Mizan Online. De acordo com informações não verificadas ele tinha 23 anos.

A Anistia Internacional (AI) afirmou que Mahan Sadrat, 22 anos, condenado à morte após um julgamento “sumário e injusto” em 3 de novembro, foi transferido no sábado para a penitenciária de Rajai Shahr, em Karaj, perto de Teerã, “o que provoca o temor de uma execução iminente”.

Sadrat foi declarado culpado de sacar uma faca durante os protestos, o que ele negou de maneira veemente no tribunal.

A AI também alertou que a vida de outro jovem, Sahand Nourmohammadzadeh, corre perigo depois que ele foi condenado à morte em 6 de novembro por “derrubar as grades de uma rodovia e queimar latas de lixo e pneus”.

Entre os condenados à pena capital está o rapper Saman Seyedi, de 24 anos, da minoria curda do Irã. Outro rapper, Toomaj Salehi, que apoiou as manifestações contra o regime, foi acusado de “corrupção na terra” e pode ser condenado à morte, confirmaram as autoridades judiciais iranianas.

Na semana passada, Estados Unidos, vários países da União Europeia e o Reino Unido condenaram a execução de Shekari. A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, afirmou nesta segunda-feira que as execuções públicas são uma “tentativa de intimidar as pessoas, não por terem cometido crimes, mas simplesmente por expressarem suas opiniões nas ruas”.

Ativistas dos direitos humanos e ONGs pedem uma resposta mais contundente, incluindo o rompimento das relações diplomáticas com o Irã e a expulsão de embaixadores das capitais europeias.

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