Em audiência pública na Câmara dos Deputados três meses antes do apagão que afetou 25 estados e o Distrito Federal na última terça-feira (15), o diretor do Instituto Ilumina Gustavo Teixeira fazia segundo Nicholas Shores, da Veja, um alerta a deputados sobre os riscos que as demissões na Eletrobras e seus impactos sobre a segurança do trabalho representavam para o setor elétrico.
No dia do apagão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, atribuiu a pane a uma sobrecarga em uma linha de transmissão no Ceará e disse que uma segunda ocorrência ainda estava sendo investigada.
Depois, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que, como não há gargalos nem de demanda nem de oferta, a razão para o apagão teria sido uma “falha técnica”.
Em participação na Comissão do Trabalho em 17 de maio, o diretor do Instituto Ilumina levantou dúvidas sobre o acompanhamento dos dados nas instalações de geração e transmissão de energia elétrica, tal como ocorre na distribuição, e afirmou que todos os indicadores de segurança do trabalho das empresas da Eletrobras sofreram piora no período recente.
Gustavo Teixeira deixou duas sugestões para os deputados: a suspensão das demissões e a realização de auditoria nas instalações da Eletrobras para que, a partir dessa inspeção, se desse ou não prosseguimento ao processo de privatização.
“O risco é muito grande, é muito grave essa situação. Não só para os trabalhadores, mas para o funcionamento do setor elétrico”, disse Teixeira naquela ocasião.
O Instituto Ilumina é uma organização não governamental, apartidária, dedicada à análise e ao estudo do setor elétrico. Seus integrantes são engenheiros, economistas, professores e pesquisadores.