Desde que assumiu o cargo de ministro da Fazenda, Fernando Haddd trava conforme Daniel Pereira, da Veja, embates com petistas, com destaque para o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann. No primeiro duelo, ainda em janeiro de 2023, sobre a reoneração dos combustíveis, o ministro saiu derrotado.
Na época, o presidente Lula concordou com Rui Costa e Gleisi, para quem reajustar o preço da gasolina, logo no início do novo governo, seria uma tremenda falta de sensibilidade política. Meses depois, no entanto, a reoneração foi feita — sem aumento do preço nas bombas, como gosta de repetir Haddad.
Desde então, o ministro colheu vitórias, aumentou seu prestígio, sobretudo fora do PT, e ampliou sua área de atuação, fazendo as vezes de articulador político com o Legislativo e de negociador de causas bilionárias no Judiciário.
Recentemente, ele convenceu Lula a manter a meta de déficit zero em 2024, apesar da pressão de Rui Costa, Gleisi e outros integrantes do governo pelo afrouxamento da regra, sob a alegação de que esta, considerada draconiana demais, poderia prejudicar investimentos e programas sociais.
Fogo amigo
Quando perguntado sobre os embates com petistas, Haddad costuma dizer, em tom de elogio, que o PT tem democracia interna, preza pela divergência e estimula o debate. Pode até ser verdade, mas é uma forma de não jogar mais lenha na fogueira.
Além dos rumos da política econômica, que pode ser responsável, como o ministro defende, ou descambar para a gastança, modelo sonhado por alguns colegas de partido, há outro pano de fundo importante: a sucessão de Lula, quando o presidente se aposentar das urnas.
Haddad, Rui Costa e Gleisi Hoffmann sonham com uma candidatura à Presidência. Hoje, o ministro é considerado o primeiro na fila da sucessão de Lula, mas essa posição não está consolidada. Nem estará tão cedo. Assim como a própria permanência na Fazenda não é dada como certa.
Em entrevista à CNN Brasil, Haddad contou que foi feito um bolão no PT sobre até quando ele resistiria no cargo. Até aqui, ele sobreviveu ao fogo amigo.