O hacker Walter Delgatti Netto entregou à Polícia Federal nesta sexta-feira (18), em Brasília, um áudio em que uma assessora da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) faria uma promessa de pagamento. Em novo depoimento, ele reiterou tudo o que disse à CPMI do 8 de janeiro na quinta-feira (17) sobre a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em janeiro. Ele já admitiu, mais de uma vez, ser o responsável pelo ilícito, e afirmou que atendeu a um pedido da parlamentar, com o intuito de desmoralizar, com informações falsas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
No interrogatório desta sexta, Delgatti Netto também confirmou o encontro com o então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, no ano passado. O hacker diz que recebeu oferta de indulto judicial para tentar invadir o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dar declarações apontando falhas na segurança das urnas eletrônicas. Bolsonaro, filhos e assessores confirmam a reunião e que o hacker foi mandado ao Ministério da Defesa para dar opiniões sobre o relatório enviado ao TSE sobre as urnas. Mas ele negam cometimento de crimes.
As informações sobre o conteúdo do novo depoimento foram dadas pelo advogado Ariovaldo Moreira, que defende Delgatti Netto. “Ele apresentou para o delegado que preside a investigação um áudio onde essa pessoa, assessora de Zambelli, faz promessa de pagamento”, contou Moreira em entrevista coletiva, na frente da sede da PF, após o depoimento, que durou cerca de duas horas. “Ele simplesmente reiterou tudo que foi dito ontem. Os senhores vão me perguntar: e as provas? O Walter deu o caminho das provas. Apresentou ao delegado o caminho das provas”, completou.
Delgatti prestou um novo depoimento à PF, o segundo nesta semana, por determinação de Alexandre de Moraes. A oitiva foi necessária porque o hacker apresentou fatos novos na CPMI do 8 de janeiro. O hacker deve passar o fim de semana preso na superintendência da PF em Brasília. Delegados ainda vão decidir se ele será transferido de volta para Araraquara (SP), onde estava preso preventivamente desde 2 de agosto, antes de ir para o DF depor.
Na CPMI, hacker deu nomes de quem, segundo ele, pediu para cometer crimes
Durante depoimento na CPMI do 8 de janeiro, Delgatti Netto deu nomes de quem lhe fez pedidos para cometer crimes. Ele deu a informação em respostas de questionamentos feitos pelo deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).