Em 1974, a Volkswagen apresentava no Brasil um dos seus modelos mais importantes da história, o Passat. O modelo foi o primeiro veículo da marca no mercado brasileiro equipado com tração dianteira e motor refrigerado a água.
O três volumes chegou ao país menos de um ano após seu lançamento na Alemanha, trazendo consigo inovações conceituais e tecnológicas inéditas para a época, além do elegante design, assinado pelo mago dos designs automotivos, o italiano Giorgetto Giugiaro.
O novo veículo, fabricado em São Bernardo do Campo, lançado em 1974 como modelo 1975, foi oferecido inicialmente em duas versões de acabamento: L e LS, ambas com duas portas. À época, essa configuração era a preferida dos brasileiros.
Seu desenho combinava traços de sedã e cupê, com a traseira estilo fastback. Por dentro, o Passat esbanjava espaço para cinco passageiros, com grande porta-malas: 450 litros.
Entre as novidades tecnológicas, o Passat introduziu no país as juntas homocinéticas, a carroceria com zonas de deformação controlada em caso de colisão, o duplo circuito de freios em ‘X’, acionamento das válvulas por correia dentada, entre outras.
O motor da versão de lançamento tinha 1.471cm³ de cilindrada e gerava 78 cavalos e 11,5kgfm de torque. Associado ao câmbio de quatro marchas, ele levava o carro da imobilidade a 100 km/h em 15,3 segundos — tempo respeitável à época — e a uma velocidade máxima de 150km/h. Tudo isso com baixo consumo, cerca de 12km/l na estrada.
Reformulado
O Passat brasileiro ganharia sua versão quatro portas um ano após o lançamento. Mas o modelo mais desejado na época foi o TS. Com motor de 1,6 litro importado da Alemanha, carburador de corpo duplo e câmbio de 5 marchas. Em sua primeira versão o modelo era identificado pela dianteira com quatro faróis.
Contava também com conta-giros no painel (pouco difundido à época), mostradores auxiliares no console e volante de três raios. Em 1976, chegou também a versão três portas (hatchback), integrando o porta-malas à cabine. Uma versão cinco portas também foi fabricada no Brasil, mas apenas para exportação.
Na onda do Pró-Álcool
Em 1979, o Passat ganhou a opção do motor a etanol. Baseado no 1,5-litro a gasolina e com 65 cavalos, trazia como principal alteração a maior taxa de compressão (10,5:1), obtida por meio de um novo design dos pistões.
Paralelamente, várias medidas foram adotadas para evitar a corrosão causada pelo combustível derivado da cana de açúcar. Inicialmente, o Passat a etanol foi vendido com exclusividade para órgãos governamentais. As versões a etanol eram as mesmas da linha tradicional, a gasolina.
O Passat Iraque
Um modelo que marcou época foi o TSE, mais conhecido como “Passat Iraque”, por ser especialmente configurado para exportação ao país do Oriente Médio. Os iraquianos compraram cerca de 170 mil unidades do carro entre 1973 e 1988 e, por muito tempo, o Passat brasileiro tornou-se parte da paisagem urbana do país.
Com quatro portas, motor de 1,6 litro e câmbio de quatro marchas, ele trazia bancos de veludo na cor vinho, radiador de cobre e ar-condicionado extra potente e acabou sendo oferecido também no mercado brasileiro, com boa aceitação.
Passando por várias mudanças de estilo e aperfeiçoamento constante, o Passat foi fabricado no Brasil até dezembro de 1988. No total, foram produzidos 897.829 carros, dos quais cerca de 221 mil para exportação.
Troca de registro
A segunda geração do Passat também foi fabricada no Brasil, mas, por razões estratégicas, teve o nome mudado para Santana, que também fez sucesso por aqui. Lançado no país em 1984, o Santana teve versões com duas e quatro portas, além de uma station wagon, a Quantum.
Contava com motores 1,8l a gasolina ou etanol e, opcionalmente, câmbio automático. O interessante é que, no início, conviveu com a primeira geração. E, além disso, ele virou um modelo próprio no Brasil, sendo fabricado até 2006.
Retorno do “original”
O Passat voltaria ao mercado brasileiro a partir de 1994, já na quarta geração, produzida na Alemanha, nas versões sedã e perua (Passat Variant). Desde então, tem ocupado o posto de sedã topo de linha da Volkswagen e portador de inovações tecnológicas de ponta.
O modelo atualmente oferecido no país corresponde à oitava geração e foi o introdutor do Active Info Display (painel configurável e digital). Ele traz também o ACC (controle de velocidade de cruzeiro adaptativo), alerta de tráfego cruzado à ré, sistema de infotainment Discover Pro com tela de 9,2”, entre outros itens.
O modelo dispõe de recursos avançados, como o motor 2.0 TSI de 220 cavalos, combinado ao câmbio DSG de seis marchas, faróis de LED e sistema de freios pós-colisão.
Mundialmente, o Passat superou 30 milhões de unidades produzidas desde seu lançamento, colocando-se junto ao Fusca e ao Golf como um dos três modelos de maior sucesso na história da Volkswagen.
Por Geison Guedes