A ONU defende que os chefes de Estado das 20 maiores economias do mundo devem mostrar liderança de duas formas: controlando a crise climática e salvando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS.
A mensagem foi passada pelo secretário-geral, António Guterres, em conversa com jornalistas nesta sexta-feira, véspera da reunião anual do G20, na Índia.
Redução de emissões e justiça climática
Respondendo uma pergunta sobre a ausência de alguns presidentes, Guterres disse que espera que o “G20 assuma sua responsabilidade, independentemente de quem representa cada país” no encontro.
Ele lembrou que a crise climática piora dramaticamente, mas há uma “falta de ambição, credibilidade e urgência na resposta coletiva”.
Para o líder da ONU, a grande expectativa na agenda do clima é o compromisso do bloco, responsável por 80% da produção de gases do efeito estufa, com a redução das emissões.
O secretário-geral ressaltou que os países do G20 também precisam assumir responsabilidade na justiça climática.
Compromissos e investimentos necessários
Para ele, isso se reflete em “apoiar países em desenvolvimento na redução de emissões, adaptação e promoção da resiliência para as comunidades que estão sofrendo os impactos dramáticos da mudança climática.”
Segundo o secretário-geral, a liderança do G20 deve ser aplicada no compromisso de manter viva a meta de aquecimento limitada a 1,5°C e promover uma transição justa e equitativa para uma economia verde.
Em termos financeiros, Guterres disse que é preciso colocar em prática a meta de U$ 100 bilhões investidos em clima por ano, dobrando o financiamento da adaptação, preenchendo o Fundo Climático Verde e operacionalizando o Fundo de Perdas e Danos.
Multilateralismo reformado
Sobre as divisões e tensões geopolíticas atuais, o chefe das Nações Unidas comentou que “o futuro é multipolar”, mas as instituições multilaterais refletem uma realidade passada.
Para Guterres, “a multipolaridade requer instituições multilaterais fortes e reformadas”, incluindo o Conselho de Segurança da ONU.
Segundo ele, essas reformas devem focar especialmente em melhorias do sistema financeiro capazes catalisar progressos nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
US$ 500 bilhões em estímulo
A meta é ajudar países em desenvolvimento a investir em transições cruciais em energia, sistemas alimentares, proteção social, tecnologias digitais, educação, dentre outros.
Para viabilizar esses avanços, Guterres propôs um estímulo para os ODS de U$ 500 bilhões por ano. Ele disse considerar esse apoio aos países em desenvolvimento “possível e necessário.”
Ele também defendeu medidas como mudança no modelo de negócios dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento. O objetivo da proposta é capacitar essas instituições para captar mais recursos privados, o alívio da dívida dos países e a mudança nos subsídios para estimular a transição para energias renováveis.