Após a entrevista do presidente Jair Bolsonaro à Fox News repercutir mal nas redes sociais, o Planalto retirou o áudio do portal oficial do governo. A gravação, exibida nesta última terça-feira (19) em Washington (EUA), havia sido publicada na página oficial às 11h11. O material permaneceu disponível até 16h45. Depois, foi apagado.
Ao ser questionado pelo jorna Estado de SP, o Planalto a republicou às 18h45. Em seguida, a gravação foi novamente suspensa. Desta vez, para que fosse substituído o áudio bruto pelo editado e divulgado pela TV americana.
Bolsonaro concedeu a entrevista para o canal que faz cobertura favorável ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. À entrevistadora Shannon Bream, o presidente disse que a maior parte dos imigrantes que se mudam para os Estados Unidos “tem más intenções”. A declaração foi dada para justificar a posição favorável do brasileiro à construção do muro na fronteira dos Estados Unidos com o México.
É praxe a divulgação de áudios e transcrições de declarações do presidente da República na página oficial do governo. Procurado, o secretário de Comunicação, Alexandre Lara, disse ter havido um erro e que o material editado e veiculado pela Fox seria publicado novamente no site.
Equívoco
Ao ser questionado sobre o assunto, Bolsonaro voltou atrás na declaração sobre os imigrantes dada à Fox News. A jornalistas, o presidente se desculpou pela declaração. “Foi um equívoco meu, boa parte tem boas intenções, a menor parte não (tem boas intenções). Peço desculpas aí”, disse Bolsonaro.
Mesmo assim, ele afirmou que tem “muita gente que está de forma ilegal” nos EUA, mas disse que isso é “uma questão de política interna”. “Eu também gostaria que, no Brasil, só tivesse estrangeiros legalizados e não de forma ilegal, como existe. Me desculpem mais uma vez o equívoco ou ato falho”, afirmou o presidente.
Ao comentar a isenção de visto de turista aos americanos, concedida pelo Brasil mesmo sem a reciprocidade dos EUA, Bolsonaro afirmou que alguém tem que “ceder o braço em primeiro lugar”.
“Não vemos nenhum americano indo para o Brasil para ganhar estabilidade via CLT, buscar emprego lá. E o contrário, para cá existe, mesmo não havendo qualquer garantia de CLT aqui. Então, há uma diferença e alguém tem que ceder o braço em primeiro lugar, estender as mãos em primeiro lugar, e fomos nós”, afirmou.