Em sua missão de propor iniciativas de combate à desinformação, a inédita Secretaria de Políticas Digitais, criada pelo governo Lula, pretende entrar no debate dos modelos de remuneração da imprensa profissional em face das grandes plataformas, como o Google. Esse debate já é feito em países como Canadá e Austrália, segundo especialistas no tema, e busca rever a forma como essas companhias pagam pelo conteúdo produzido pelos jornalistas profissionais locais.
O objetivo, segundo interlocutores do governo revelaram a Reynaldo Turollo Jr., da coluna Maquiavel,, é tornar os negócios mais rentáveis para os jornalistas profissionais — inclusive para fazer frente à disseminação de fake news. Pela portaria que criou a nova secretaria, uma de suas tarefas é “formular políticas para a promoção do pluralismo e da diversidade midiática e para o desenvolvimento do jornalismo profissional”, o que deve se traduzir nesse debate.
O titular da Secretaria de Políticas Digitais será João Brant, doutor em Ciência Política pela USP, mestre em Regulação e Políticas de Comunicação pela London School of Economics e colaborador da FGV. Ele estará subordinado à Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República, comandada por Paulo Pimenta (PT), e deverá iniciar os trabalhos no final deste mês.
Brant também deverá propor iniciativas, em parceria com o Ministério da Educação, para ensinar jovens do ensino médio a verificar a autenticidade das informações que recebem pela internet. Outra medida em estudo é a de lançar campanhas educativas para atingir os adultos que já saíram da escola e estão mais propensos a acreditar em notícias falsas. Será a primeira vez que um órgão de Estado se dedica exclusivamente ao tema. A secretaria, no entanto, não terá o papel de fazer regulação de conteúdo nem de plataformas digitais.