Adquiridos pelo governo do Mato Grosso em 2012 por R$ 497 milhões, junto à empresa espanhola CAF, os 40 trens com 280 vagões que compõe o projeto VLT de Cuiabá despertaram o interesse do governo da Bahia em agosto do ano passado, para aquisição e consequente implantação do VLT na região do Subúrbio de Salvador.
A negociação entre os dois governos está sendo mediada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por meio de um Grupo de Trabalho (GT), e tem sido prorrogada nos últimos meses por falta de entendimento.
Conforme reportagem de Eduardo Dias e Lula Bonfim do portal A Tarde, o motivo do impasse seria o valor final da venda dos vagões. Apesar disso, haveria um interesse mútuo dos dois governos no fechamento do negócio.
Ainda de acordo com as informações obtidas por A Tarde, o Mato Grosso tem pedido algo em torno de R$ 1,2 bilhão pelos 40 trens, valor que consideraria a correção pela inflação atual ao longo dos anos.
O governo da Bahia, por sua vez, propôs inicialmente a quantia de R$ 600 milhões. Nos bastidores, o Palácio de Ondina sinaliza estar aberto ao diálogo para uma pedida entre R$ 650 milhões e R$ 700 milhões.
Vale lembrar que os trens do VLT de Cuiabá-Várzea Grande, comprados em 2012, possuem vida útil de 30 anos e estão parados há 11 anos. Um estudo encomendado pelo governo foi feito pela empresa CCR, que gere o metrô de Salvador, analisou o estado de conservação dos equipamentos rodantes e sugeriu a redução do valor original corrigido em 30% por conta da depreciação.
Entenda a negociação
Com a distância das propostas dos governos da Bahia e do Mato Grosso, o TCU propôs uma solução intermediária, com o valor de R$ 900 milhões. A gestão estadual baiana, porém, considera esse valor ainda muito acima do ideal para o equipamento rodante do VLT, com base no estudo realizado pela CCR.
Os R$ 497 milhões pagos pelo governo do Mato Grosso em 2012, quando corrigidos de acordo com a inflação (IPCA), correspondem a aproximadamente R$ 968 milhões. Com a depreciação de 30% prevista no estudo contratado pela gestão estadual baiana, o equipamento rodante do VLT mato-grossense estaria avaliado em R$ 677,8 milhões, o que estaria em consonância com a precificação trabalhada pelo governo da Bahia.
Uma outra avaliação feita pela CTB e pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) aponta que os 40 trens do VLT do Mato Grosso seriam suficientes para dar início à operação do VLT de Salvador.
As obras do novo modal devem ser divididas em três partes: iniciando pelo trecho que liga o bairro da Calçada a Paripe; depois, com uma ligação entre o Subúrbio Ferroviário e a Estação Águas Claras do metrô, através da Estrada do Derba; e finalizando com o trecho que sai do miolo da cidade e chega à Orla Marítima, em Piatã, atravessando as avenidas 29 de Março e Orlando Gomes.
Procurado pelo A Tarde, o secretário Afonso Florence (PT), Casa Civil do Governo da Bahia, preferiu não comentar o assunto para não atrapalhar as negociações.
A negociação para a compra dos trens é a seguinte:
– O governo do Mato Grosso pediu inicialmente R$ 1,2 bilhão;
– Um estudo contratado pelo governo da Bahia avaliou que o valor original dos trens está depreciado em 30%;
– A Bahia fez uma proposta de R$ 600 milhões pelos vagões;
– O TCU sugeriu um valor intermediário, de R$ 900 milhões;
– A Bahia espera chegar a um preço final entre R$ 650 milhões e R$ 700 milhões, com base na avaliação feita pela CCR.