O governador da Paraíba, João Azevêdo, decidiu trocar o Cidadania pelo PSB para concorrer a um segundo mandato. A defecção ocorre um dia após a legenda comandada por Roberto Freire aprovar a proposta de formar uma federação partidária com o PSDB, que tem o governador de São Paulo, João Doria, como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Azevêdo, por outro lado, deve colar sua imagem na do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, a filiação oficial do governador da Paraíba vai ocorrer na próxima quinta-feira, 24. Ao Broadcast Político, o dirigente partidário disse que havia se reunido na semana passada com Azevêdo para discutir a mudança de sigla do paraibano, que já foi filiado ao PSB no passado.
Siqueira reconheceu que o apoio formal do PT a seu partido na Paraíba “será difícil”. No Estado, a legenda está inclinada a apoiar a candidatura do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB). “Mas o nosso palanque será, obviamente, um forte palanque para o ex-presidente Lula. O governador é um entusiasta da candidatura do ex-presidente”, afirmou.
Neste domingo, 146 lideranças petistas na Paraíba, incluindo o deputado federal Frei Anastácio, divulgaram uma nota em que defendem a candidatura de Azevêdo à reeleição, após se reunirem neste sábado, 19, para debater a questão. O movimento contraria a direção estadual do partido, que articulou o apoio a Vital do Rêgo.
“Participamos, neste sábado, de plenária e defendemos palanque de Lula e João Azevêdo na Paraíba”, escreveu o parlamentar em publicação nas redes sociais. “O objetivo foi discutir a conjuntura política nacional, estadual e a eleição de Lula, além da construção partidária, a nossa reeleição para deputado federal e a do companheiro Anísio Maia para deputado estadual”.
Federações
A proposta de se federar com o PSDB foi aprovada pelo Diretório Nacional do Cidadania neste sábado, 19. Mesmo assim, a legenda manteve a pré-candidatura do senador Alessandro Vieira (SE) ao Palácio do Planalto. Já os tucanos, que têm Doria como postulante, também negociam uma aliança com o MDB e o União Brasil.
A federação cria uma “fusão temporária” entre os partidos e precisa durar, pelo menos, quatro anos, desde as eleições até o final do mandato seguinte. De acordo com novo prazo estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as legendas têm até o dia 31 de maio para registrar federações.
Na Paraíba, o PSDB pretende lançar o deputado federal Pedro Cunha Lima ao governo do Estado. Se a federação com o Cidadania realmente for fechada, poderia haver uma disputa entre o parlamentar e o governador Azevedo — se ele continuasse no Cidadania — para decidir quem representaria a aliança na disputa estadual.
O PSB e o PT também negociam formar uma federação com o PCdoB e o PV, mas as negociações estão travadas por questões regionais em Estados como São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Na Paraíba, o partido de Lula pretende lançar ao Senado, na dobradinha com Vital do Rêgo, o ex-governador Ricardo Coutinho, desafeto de Azevêdo.
“O ex-governador retornou para o PT e tem lá seus problemas com o governador João Azevêdo”, disse Carlos Siqueira, ao comentar as dificuldades de uma união entre petistas e socialistas no Estado.