O presidente Lula da Silva (PT) embarcou nesta quarta-feira (28) para sua 18º viagem internacional desde que assumiu o mandato, no ano passado, tonando o seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) segundo o jornal O Globo, o que mais assumiu o posto do titular nos primeiros 14 meses de um governo desde a redemocratização. Até agora, foram 82 dias no comando do país, a frente de nomes como Hamilton Mourão, José Alencar e Marco Maciel.
Com o novo tour, em que o presidente visitará Guiana e São Vicente e Granadinas, Alckmin deve completar 85 dias no cargo mais alto da República. Quem chega mais perto é Alencar, substituto no primeiro mandato do petista, quando o então chefe da Nação ficou fora do país por 78 dias no início do governo. Já no segundo mandato de Lula, seguindo o mesmo método de comparação, foram 70 dias.
Já Marco Maciel assumiu a presidência da República de forna interina durante 69 dias, dos 73 que Fernando Henrique Cardoso passou fora do Brasil durante o primeiro mandato. Já no segundo governo, Marco Maciel assumiu o governo por 37 dias, dos 38 que FHC ficou fora do país.
Michel Temer, por sua vez, assumiu por 44 dias no primeiro mandato de Dilma Rousseff e 39 dias no segundo mandato da petista. Depois disso, acabou por assumir definitivamente, com o impeachment da titular.
Por fim, no pé do ranking, está Hamilton Mourão, vice do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ficou 31 dias no comando da presidência da República ao longo do primeiro ano de governo. Embora não tenham tido um vice-presidente, Michel Temer passou apenas oito dias fora do país, o período considerado e Itamar Franco apenas nove.
O jornal O Globo considerou para o levantamento um ano e dois meses do começo de cada mandato presidencial. Para o terceiro mandato de Lula, o levantamento foi feito com base na agenda oficial da presidência da República. Para os outros presidentes, foi considerado os dias registrados nos aquivos oficiais do Palácio do Planalto.
Alckmin chegou ao Palácio do Planalto carregando a desconfiança da base petista ao ingressar na chapa de Lula, seu antigo adversário. A estratégia do ex-tucano para dissolver a resistência tem sido a de demonstra publicamente sua fidelidade a Lula — em discursos, por exemplo, sempre cita e exalta o presidente.
Nos períodos de ausência de Lula, Alckmin costuma se dividir entre os compromissos de presidente, de vice e de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Sua rotina de despacho acontece entre o gabinete presidencial, a Vice-Presidência e o prédio do ministério na Esplanada.
Apesar do longo tempo à frente da Presidência, Alckmin se mantém avesso a sentar na cadeira do chefe. Quando questionado, responde apenas que a “cadeira é do presidente”. Em algumas das vezes que assumiu o cargo, o vice sequer ocupou o gabinete de Lula no Palácio do Planalto.
Nas raras vezes em que ocupou o gabinete de Lula, opta por cumprir suas agendas nos sofás disponíveis na sala. Já as reuniões maiores costumam ser conduzidas por Alckmin na sala de audiências, anexa ao gabinete.
Foi lá, por exemplo, que Alckmin reuniu o time de ministros quando precisou convocar uma reunião para tratar dos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul, em setembro do ano passado. Na ocasião, Lula participava de reunião do G20 na Índia. A sala ainda foi usada pelo presidente em exercício para as reuniões envolvendo a crise da Braskem, em Alagoas, em dezembro.
Apesar da agenda mais calma nesses últimos dias à frente da Presidência, Alckmin acompanhou de perto os desdobramentos da fuga inédita de dois presos da Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró (RN) e manteve contato frequente com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que está à frente do caso.
Como presidente em exercício, Alckmin costuma fazer agendas com ministros palacianos, como Alexandre Padilha (Relações Institucionais), e Rui Costa (Casa Civil) para dar continuidade às principais ações do governo. É comum, também, que tenha reuniões com a Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos para tratar das publicações oficiais da Presidência no Diário Oficial da União.
Já como ministro, Alckmin tem priorizado em sua agenda encontros com lideranças empresariais. Como vice, costuma abrir espaço para reuniões com parlamentares e prefeitos. Aos finais de semana, quando não está em São Paulo, estado em que foi governador por três vezes, é comum que ele tenha agenda de trabalho interna no Palácio do Planalto.