O ex-governador Anthony Garotinho (PRP) oficializou neste domingo (5) sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro afirmando estar sob ameaça de morte. Em críticas ao adversário Eduardo Paes (DEM), afirmou que sua campanha será “do verbo contra a verba”.
“Vamos lutar contra o dinheiro que eles tiraram das escolas, hospitais e dos funcionários públicos humilhados com salários atrasados”, afirmou o ex-governador, em referência à aliança de Paes.
O agora candidato fez ataques mais leves ao senador Romário (Podemos), outro adversário na disputa. “Até gosto dele. Mas disse para ele: ‘Se eu fosse convocado para a seleção eu não iria’. Na eleição você não vota no mais bonito, no mais famoso, mas sim no mais preparado”, declarou.
Garotinho disse em discurso que recebeu relatos de um plano para assassiná-lo. É a terceira vez que ele faz menções do tipo, embora a polícia não tenha conseguido confirmá-las.
“Tem uma pessoa que está fazendo uma colaboração. Dentre as coisas que ela revelou a uma autoridade, disse isso. Não posso expor mais porque essa pessoa está presa”, afirmou ele em entrevista.
O político lança a candidatura após três prisões ocorridas desde novembro de 2016. Ele foi condenado a 9 anos e 11 meses de prisão por compra de votos nas eleições de 2016 por meio do programa Cheque Cidadão e é acusado de comandar um esquema de arrecadação de caixa dois em 2014 com o apoio de um “braço armado” para intimidar empresários.
“Talvez vocês nem imaginem o que é uma pessoa inocente ser acusado e ser colocado num cárcere como eu fui, sob acusação de que dei Cheque Cidadão. Ainda que fosse verdade, eu não roubei. Ainda que fosse verdade, há uma grande diferença entre aqueles que compraram fazenda, cabeças de gado, mansões e se enriqueceram e este que está diante de vocês”, afirmou em discurso.
Em outro trecho da fala, porém, ele afirmou que “o político que compra um voto não tem compromisso com o povo”.
Garotinho confirmou sua candidatura após conseguir evitar julgamento no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro que poderia inviabilizá-la.
A corte já tinha data marcada para julgar o recurso contra a condenação na Operação Chequinho quando o ex-governador obteve liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), para suspender o andamento da ação. O agora candidato do PRP alega sofrer perseguição do promotor responsável pelo caso, e o magistrado decidiu interromper o trâmite para analisar o caso.
O TRE aguarda desde abril uma decisão do STF para analisar o caso. Se condenado, ele ficaria inelegível e poderia ser preso.
Além da Operação Chequinho, Garotinho também foi preso em razão das investigações da Operação Caixa D’água, que apontou a arrecadação de caixa dois na eleição de 2014 com o apoio de um “braço armado” para intimidar empresários. Ele nega as acusações.
O ex-governador foi ainda condenado à perda dos direitos políticos por oito anos pelo Tribunal de Justiça do Rio por improbidade administrativa. Ele foi acusado de desviar mais de R$ 200 milhões de recursos da saúde para a sua pré-campanha a presidente em 2006, que acabou não se concretizando.
Esta pena, contudo, só tem efeito quando transitada em julgado. Garotinho recorre do caso no STJ (Superior Tribunal de Justiça).”Não há risco para a minha candidatura”, disse ele.