A varejista Lojas Americanas e a empresa de comércio eletrônico B2W anunciaram, na tarde da última quarta-feira (28), a união de suas operações. A integração dos negócios terá um novo nome – americanas s.a., com o ‘a‘ minúsculo mesmo – para manter a marca mais forte do grupo. Quem está por trás de toda a operação é o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles.
Para concretizar a iniciativa, a B2W vai emitir segundo a Reuters cerca de 339 mil papéis para os investidores da Lojas Americanas, que receberão, para cada ativo, 0,18 ação da B2W – ou seja, 18 ações para cada 100. Atualmente, a B2W é controlada pela Lojas Americanas, que detém 62,48% das ações da empresa de ecommerce.
Lemann, Sicupira e Telles são os cofundadores da 3G Partners, companhia de private equity que detém 40% de participação na Lojas Americanas. Juntos, os três acumulam um patrimônio atual de US$ 42,2 bilhões, segundo o ranking em tempo real da Forbes. E, com a nova operação, eles devem se tornar ainda mais ricos. De acordo com o fato relevante, a operação custou R$ 98 milhões e gerou uma empresa com valor de mercado de, aproximadamente, R$ 77 bilhões.
Como o trio possui 40% dos 1,8 bilhão de papéis disponíveis da Lojas Americanas – 754 mil -, terá direito a receber 75,4 milhões de ativos da B2W na operação. Levando em conta o valor da ação da B2W no pregão de ontem (28), de R$ 63,45, isso significa uma remuneração de R$ 8,6 bilhões a mais no patrimônio dos bilionários.
As companhias informaram que a proposta prevê que a Lojas Americanas permanecerá existindo por meio do controle da B2W. “Uma vez aprovada a cisão parcial, 100% das atividades operacionais das companhias passarão a ser desenvolvidas diretamente pela B2W”, afirmaram as empresas.
Motor de M&A
Combinados os negócios, a americanas s.a. terá mais de 90 milhões de clientes cadastrados, sendo 46 milhões deles ativos, 1.707 lojas em 765 cidades e marketplace online com mais de 87 mil vendedores.
A B2W possui alguns dos principais sites de comércio eletrônico do país, como Submarino e Americanas.com, além de uma relevante operação digital de pagamentos, a Ame.
Ambas as companhias já vinham há meses anunciando parcerias entre si para a criação do chamado omnichannel, quando os clientes podem fazer compras pela internet e optar pela retirada de produtos em lojas físicas ou usarem infraestruturas existentes, como pequenos centros de armazenagem de produtos.
Entre os objetivos da operação, as empresas destacam que a companhia combinada criará “um motor de fusões e aquisições ainda mais poderoso para avaliar, negociar e integrar novas aquisições”.
Listagem nos Estados Unidos
Para além da operação, a Lojas Americanas estuda uma eventual listagem nos Estados Unidos por meio de uma migração da base acionária da companhia. A empresa listada, a ser chamada de “Americanas Inc”, teria participação direta na nova companhia formada a partir da união das operações de Lojas Americanas e B2W.
Segundo as empresas, é cedo para avaliar qual seria a estrutura jurídica a ser adotada para esta eventual nova reorganização do grupo. Porém, em apresentação ao mercado, as empresas estimam que a criação da Americanas Inc e a listagem poderiam ocorrer já “no início de 2022”.
O objetivo da eventual listagem nos EUA seria aumentar fontes de financiamento, reduzir custo de capital e elevar a liquidez das ações, segundo fato relevante.