domingo 22 de dezembro de 2024
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, em reunião do ministro com a bancada do partido Edu Andrade/Ascom/MF
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sábado 15 de abril de 2023 às 13:33h

‘Fui surpreendida’: Gleisi Hoffmann reclama de Haddad por ideia de mudar piso para educação e saúde

NOTÍCIAS, POLÍTICA


A presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), se queixou de ter sido “surpreendida” com a proposta do secretário do Tesouro, Rogério Ceron, de mudar o piso de gastos com saúde e educação.

Gleisi afirmou ao O Globo, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a quem Ceron é subordinado, “nunca falou sobre isso conosco”. E disse torcer para que a ideia não prospere, uma vez que o piso constitucional para saúde e educação é considerada bandeira histórica do partido. As informações Sergio Roxo, Jeniffer Gularte e Lauriberto Pompeu, do O Globo.

— Fui surpreendida com uma declaração do secretário do Tesouro (Rogério Ceron) de que iriam modificar ou desconstitucionalizar os pisos da educação e saúde. Isso é muito complicado para nós. É uma bandeira histórica do partido. O ministro (Haddad) nunca falou sobre isso conosco. Espero que o debate não seja encaminhado dessa forma — afirmou ela ao jornal.

A dirigente se refere a uma entrevista dada por Ceron segundo a qual a área econômica vai encaminhar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para mudar a forma de correção do valor mínimo dos gastos com educação e saúde.

— Vai ter um incremento no orçamento disponível para saúde e educação, justamente para voltar a ter uma base que os pisos constitucionais estabelecem. E a partir de então discutir com as respectivas áreas uma política de valorização que seja sustentável e perene no tempo, que evite esses movimentos históricos e subir, muda e depois tem que congelar, e fica anos congelado — disse o secretário ao g1.

Lista de rusgas

O episódio é mais um na lista de rusgas entre o PT e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O Executivo deve sofrer uma ofensiva do partido do próprio presidente nos próximos meses sobre as principais propostas que vão tramitar no Congresso.

Na queda de braço sobre o arcabouço fiscal, o PT quer evitar que a nova regra e a reforma tributária sejam apresentadas de forma que entrem em choque com bandeiras de esquerda do partido. Há uma preocupação, por exemplo, com o limitador de investimentos previsto no arcabouço idealizado por Haddad, o que, na visão de uma ala do PT, comprometeria o cumprimento das promessas de campanha.

Em várias frentes, os casos de descontentamento entre PT e governo se sucedem. No fim de fevereiro, por exemplo, Haddad estava na Índia, onde participava de um encontro do G-20, quando soube que a presidente do PT havia postado nas redes sociais uma manifestação enfática em favor do adiamento da volta dos impostos sobre os combustíveis, tema que pretendia discutir com Lula quando voltasse ao país.

“Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”, escreveu Gleisi nas redes sociais.

Irritado, Haddad ligou para reclamar e pediu a Gleisi que, antes de tratar de assuntos que dizem respeito à Fazenda, conversasse com ele.

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