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terça-feira 18 de agosto de 2020 às 16:29h

FHC e mais de 20 ex-presidentes querem adiamento de eleição do BID

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A campanha pelo adiamento da escolha do próximo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), prevista para 12 de setembro, continua a tomar forma. No final de julho, conforme informou O Globo, o alto representante para Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, encaminhou uma carta a todos os países com capital no banco — entre eles, muitos do Velho Continente — para propor o adiamento do processo para depois das eleições presidenciais nos Estados Unidos, ação que foi endossada poucos dias depois por vários governos latino-americanos, incluindo Argentina, Chile e México. Nesta terça-feira, 22 ex-presidentes latino-americanos — incluindo Fernando Henrique Cardoso —, europeus e asiáticos se juntaram à moção.

Em carta, os chefes de Estado e de governo reunidos sob a égide do Clube de Madri, consideram que não existem condições para a realização da eleição agora e apelam ao seu adiamento até março do próximo ano, “dando aos Estados-membros a oportunidade de aprofundar o debate sobre o papel do BID, sua liderança e a resposta institucional adequada para a recuperação da crise da Covid-19″.

Embora não o mencionem explicitamente, o adiamento também impediria Donald Trump de alcançar seu objetivo de fazer presidente da instituição um de seus colaboradores mais próximos e membro proeminente da ala linha-dura do Partido Republicano com Cuba e Venezuela, Mauricio Claver-Carone, o que romperia a norma não escrita que diz que a Presidência da organização deve ser de um latino-americano. Se o democrata Joe Biden vencer as eleições nos Estados Unidos em novembro — as pesquisas o colocam como um claro favorito — praticamente ninguém duvida que ele tentará moderar os ânimos e desistir de candidatar um compatriota à Presidência do BID.

Além de Fernando Henrique Cardoso, os 22 presidentes que assinam o texto incluem o espanhol Felipe González, e os mexicanos Ernesto Zedillo, Vicente Fox e Felipe Calderón. Eles sugerem a nomeação de um presidente interino que manterá as rédeas do BID até a primavera de 2021, como já acontece na Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Atendemos ao apelo do vice-presidente e alto representante da União Europeia, de vários governos latino-americanos, ex-presidentes, chanceleres, deputados e acadêmicos da região. A América Latina vive um dos capítulos mais dramáticos de sua História recente, dadas as consequências devastadoras da pandemia (…) e o BID é uma de suas  instituições multilaterais mais importantes. A decisão de quem deve liderar a organização nos próximos cinco anos é, portanto, uma das mais relevantes para o presente e o futuro da região”, destacam os ex-líderes, entre os quais está também a candidata à liderança da entidade e ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla. “Uma decisão precipitada pode acabar enfraquecendo a instituição justamente quando a América Latina e o Caribe mais precisam.”

A cada ano, o BID canaliza cerca de US$ 12 bilhões de dólares (R$ 65,8 bilhões) em empréstimos para infraestrutura básica no subcontinente. Se a eleição for realizada na data inicialmente fixada (12 de setembro), Claver-Carone já tem os votos para assumir o comando do banco, após ter obtido o apoio de boa parte dos países com maior participação no capital da organização, incluindo Brasil e Colômbia.

Mas com três das cinco maiores economias latino-americanas defendendo o adiamento do processo (México, Argentina e Chile) e a pressão europeia aumentando, hoje o adiamento parece mais próximo do que nunca.

A candidatura americana frustrou os planos brasileiros de lançar um candidato próprio, o que poderia render ao país a Presidência da instituição pela primeira vez. Aliado dos Estados Unidos, o governo de Jair Bolsonaro acabou por aquiescer.

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