A agressão de José Luiz Datena (PSDB) a Pablo Marçal (PRTB) no debate da TV Cultura entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, na noite deste domingo, não foi comentada por membros da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) até o início da noite desta segunda-feira. Um levantamento do jornal O Globo mostra que, entre parlamentares do núcleo bolsonarista, mesmo as postagens que trataram do episódio focaram em críticas à postura do apresentador, sem prestar solidariedade direta ao ex-coach.
Filhos do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) colecionam atritos com Marçal durante este período eleitoral e não se manifestaram sobre o episódio. Tampouco o fez o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Entre os nomes alinhados ao ex-presidente que se manifestaram sobre o caso, Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou o episódio e sugeriu que a situação seria encarada de maneira diferente “se fosse alguém de direita dando uma cadeirada em alguém de esquerda”. O trecho do vídeo foi compartilhado por Marçal em suas redes sociais.
— Gente, que loucura foi essa. O Datena vai aparecer no Datena. Que que tá rolando? — debochou o deputado.
A deputada federal Julia Zanatta (PL-SC) teorizou que Datena “quis meter o louco para sair do debate. Já Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que o apresentador “surtou” e demonstrou “completo despreparo emocional”.
“E ainda chamou Marçal de “filho da p… Completo despreparo emocional”, escreveu a deputada.
O senador Sergio Moro (União-PR), por sua vez, descreveu a agressão como “menos escandalosa do que a volta de Lula” à presidência do país.
“A cadeirada — inaceitável — é menos escandalosa do que a volta de Lula, depois de toda a roubalheira do PT, à presidência. Desde então, não há limites para o errado no Brasil”, escreveu Moro.
Aceno de Bolsonaro a Marçal
Pouco mais de duas semanas após Bolsonaro fazer acenos para a campanha de Marçal à prefeitura de São Paulo, o ex-presidente recalculou a rota recentemente. O ex-presidente compartilhou em sua lista de transmissão no WhatsApp, destinada a aliados políticos, um vídeo antigo com críticas de Marçal a igrejas católicas e evangélicas.
No início do mês, alguns gestos do clã e do próprio Bolsonaro indicavam uma proximidade dele com o ex-coach. Antes das manifestações do Sete de Setembro, Bolsonaro gravou um vídeo dizendo que “qualquer candidato” poderia subir no carro de som do ato. A mensagem foi entendida como uma brecha para Marçal. No mesmo dia, Carlos Bolsonaro se reconciliou com o candidato do PRTB.
A ação de Bolsonaro ocorre no dia seguinte a outra manifestação do líder do PL a favor da campanha de Nunes. Na chamada de vídeo, Bolsonaro parabeniza o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pelo trabalho que ele vem fazendo no estado e também pelo apoio que deu ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).
As duas ações ocorreram após a divulgação da última pesquisa Datafolha mostrar Nunes numericamente à frente de seus adversários no Datafolha.
Nunes tem o apoio formal de Bolsonaro na disputa, mas tem visto uma transferência das intenções de voto dos bolsonaristas para Marçal. Desde o início da campanha, o ex-presidente não participou de nenhuma agenda pública com o emedebista e os dois ainda não gravaram juntos para o horário eleitoral de TV e rádio, o que aliados do prefeito ainda preveem que ocorrerá.