A deputada estadual Fabíola Mansur (PSB) apresentou, na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), uma moção de aplausos pelos 50 anos de fundação do Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do mundo. No documento, a parlamentar ressaltou que o ano em que o bloco foi fundado, 1974, o Brasil vivia uma ditadura, que era implacável com a cultura, com a política e com a democracia. Entretanto, o regime autoritário não conseguiu deter a alegria e o espírito carnavalesco de Antônio Carlos dos Santos (Vovô do Ilê), Apolônio (Popó) e de seus amigos que, apoiados por “Mãe Hilda”, Ialorixá que comandou por mais de 50 anos o terreiro Ilê Axê Jitolu, resolveram fundar o Bloco de Carnaval.
“A sociedade, não era muito diferente da atual, preconceituosa e ainda sob a vigilância austera dos militares que viam no Ilê Aiyê uma forma acintosa de subversão e desrespeito à ordem pública estabelecida”, afirmou.
Segundo Fabíola, o Ilê Aiyê sempre foi um Centro Cultural, Social e Político de afirmação da raça negra, de inclusão social e combate ao racismo em todas as formas de discriminação.
“Nenhum obstáculo foi suficiente para deter a garra de seus criadores e assim nasceu uma associação carnavalesca, fundada apenas como um bloco de carnaval, mas que incorporava outras frentes que não apenas a recreativa”, disse.
Conforme ressaltou a deputada, inicialmente, Vovô do Ilê queria que o bloco ganhasse o nome de “Povo Negro”. No entanto, diante do racismo que havia na época, ele consultou Mãe Hilda, que desaconselhou o uso desse nome. Mãe Hilda é uma personalidade de máxima importância na história do Ilê e que atuou, durante boa parte da existência do bloco, como conselheira espiritual. Ela foi a mentora do bloco e de todos os projetos sociais desenvolvidos pela entidade.
Fabíola Mansur conta que o nome escolhido foi inspirado no próprio nome do terreiro. Segundo a legisladora, as palavras vêm do idioma iorubá, utilizado durante séculos em diversos países do continente africano, como Nigéria, Benin, Togo e Serra Leoa. “Nesse idioma, a palavra Ilê significa casa, e Aiyê significa terra. Por isso, a tradução do nome pode ser entendida como ‘nossa Casa” ou “nossa Terra’, indicando a ligação do bloco com as heranças dos orixás e com os costumes sociais e culturais da mãe África”, explicou.
No bairro da Liberdade, ações sociais afirmativas eram imprescindíveis para reduzir o sofrimento da população negra daquela região que vivia em risco social constante. Desta forma, com o passar dos anos, o bloco de carnaval se transformou num Centro Cultural já consolidado não apenas no bairro da Liberdade, mas no mundo.
No local funciona a Escola Mãe Hilda, um centro educacional, uma escola de música, uma escola de artesanato e diversas outras atividades voltadas à inclusão daqueles que ainda residem em áreas de risco social e aqueles que desejam novas e benéficas atividades de interação social.
“Diante de ataques constantes à nossa democracia, é preciso sempre proteger e festejar esse patrimônio material e imaterial da humanidade que é o Ilê Aiyê. Enquanto essa deputada tiver vida e contar com a confiança do povo da Bahia vou lutar, sem descanso, pelo fim da violência praticada contra o povo negro”, enfatizou Fabíola.
A deputada exaltou o Ilê Aiyê, que completa seu cinquentenário neste 1 de novembro de 2024, e é símbolo de resistência, movido pela arte e pela luta por igualdade racial. O Mais Belo dos Belos é música, é dança e é cultura afro-brasileira.
“Desde seu nascimento o Ilê Aiyê vem fazendo ações afirmativas de combate a essa chaga que é o racismo através de sua arte. Com bases alicerçadas na luta pela afirmação da cultura negra. Viva o Ilê! Viva Vovô! Viva Mãe Hilda! Viva o Curuzu! Viva a Liberdade!”, disse.