Na cena política baiana existem dois Rui Costa, o governador e o candidato. Claro que os dois são um. Mas o caso mostra o Rui protagonista de uma pérola da legislação eleitoral brasileira, a de querer dividir o indivisível.
O Rui governador só pega avião oficial se for um ato típico de governo, como visitar uma obra. O Rui candidato, se vai fazer caravanas, pega avião particular.
Expertise
Nos EUA a regra é clara. Presidente é presidente e ponto. No Brasil, a legislação é tão confusa em filigranas que obrigou Rui a montar duas frentes de trabalho, ambas políticas, uma administrativa, outra eleitoral.
Na administrativa montou um time para fiscalizar tintim por tintim tudo o que se pratica no governo com o cuidado de não embolar com a campanha. Na comunicação, por exemplo, todos os sites foram retirados do ar. E só voltaram com orientação da PGE. A ordem é derrapagem zero. Rui sabe que é o favorito, não quer se melar com bobagens.
Nas redes sociais, a Secretaria de Comunicação montou comitês de fiscalização. E, mesmo assim, os fiscais top admitem que ainda permanecem muitas dúvidas.
Se há dúvidas cá, pelo Brasil afora, pior. Tanto que tem gente vindo aprender como se faz aqui. Semana passada foi o pessoal do Ceará.
Pagando caro por erros legais
Veja um exemplo típico de quanto a lei brasileira é tão burra que acaba fazendo gol contra. Se Michel Temer viaja, Eunício Oliveira (MDB-CE), presidente do Senado, e Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, fingem compromissos no exterior para não assumir a interinidade que lhes cabe. O pior: a gente pagando tais viagens.
Não seria bem mais barato dizer que eles não querem porque são candidatos?
Por Levi Vasconcelos