A menos de um ano das eleições municipais de 2024, o Partido Novo investe no capital político do ex-procurador Deltan Dallagnol para alavancar o número de filiados e anunciar seus pré-candidatos. Recém-filiado à sigla, o ex-deputado federal iniciou uma caravana pelo país. Nas próximas quatro semanas, o político tem agendas previstas em ao menos 16 cidades, informa Luísa Marzullo, do jornal O Globo.
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Nos mesmos moldes do que é praticado no PL, com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e no Republicanos, com a senadora Damares Alves, a caravana de Deltan Dallagnol teve seu início no Rio de Janeiro. Na noite desta quarta-feira, o ex-procurador esteve no lançamento da pré-candidatura do vereador Pedro Duarte à prefeitura da capital fluminense.
Ainda nesta semana, Deltan cumpre agenda em Recife e Fortaleza. No Ceará, o senador Eduardo Girão e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, também estarão presentes. A estratégia consiste em tentar atrair conservadores e evangélicos da região que representa um desafio para a sigla por historicamente eleger mais representantes de esquerda. No ano passado, por exemplo, o presidente Lula (PT) conquistou quase 70% dos votos válidos.
Já na próxima semana, o ex-procurador estará no estado de Santa Catarina, onde participará de eventos em Criciúma, Florianópolis, Brusque e Timbó. Ainda em dezembro, sua programação envolve as capitais de Rondônia, Paraná, Mato Grosso e Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, ele visitará ao menos cinco municípios no intervalo de três dias.
A longa agenda visa fortalecer o Partido Novo que tem, principalmente, uma preocupação em mente: voltar a atingir a cláusula de barreira no pleito de 2026. Para isso, o partido se comprometeu a lançar candidatos em todos os municípios brasileiros com mais de 300 mil habitantes, no intuito de aumentar sua base.
No ano passado, o Novo perdeu o direito à tempo de televisão o acesso às verbas públicas justamente por ter ficado abaixo deste limiar. Desde então, o partido tem funcionado com o dinheiro do fundo partidário de anos anteriores que havia sido investido em fundos monetários.
Uma segunda preocupação da sigla é o desejo do Movimento Brasil Livre (MBL) em formar o partido “Missão”. Caso os trâmites legais sejam finalizados à tempo das eleições do ano que vem, há uma expectativa de que parte do quadro do Novo, mais associado às ideias libertárias, migre para a sigla adversária. Atualmente, estima-se que a maior parte do quadro do partido esteja alinhado aos valores conservadores, como Deltan Dallagnol. Da Igreja Batista, o político já deixou claro seu interesse em formar lideranças evangélicas.
Candidato à Prefeitura?
Em evento no início deste mês, Deltan sinalizou que ele ou sua esposa, Fernanda Dallagnol, podem concorrer à prefeitura de Curitiba. As vereadoras Amália Tortato e Indiara Barbosa também manifestaram interesse em disputar o pleito, mas ao que tudo indica, um dos integrantes do casal Dallagnol deve encabeçar a chapa.
Administradora de formação, Fernanda Dallagnol nunca concorreu a nenhum cargo político e se filiou ao Novo junto ao marido. Nos bastidores, ela tem se preparado para concorrer, caso seja preciso. Atualmente, é aluna do curso de formação ministrado pelo Renova Brasil, movimento que formou lideranças como Joênia Wapichana, Marcelo Calero e Tabata Amaral.
Em maio, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassaram por unanimidade o mandato de Dallagnol com base na Lei da Ficha Limpa. Os magistrados entenderam que o ex-procurador deixou o Ministério Público para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia torná-lo inelegível. A decisão, contudo, não menciona se ele estaria ou não impedido de concorrer no período de oito anos, o que também é objeto de discordância entre especialistas. Por este motivo, é possível que Deltan teste sua elegibilidade diretamente nas urnas e, caso seja impugnado, venha a ser substituído por Fernanda.