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sexta-feira 25 de fevereiro de 2022 às 13:29h

Ex-agente da KGB, czar e popular: quem é Putin e qual é seu interesse na Ucrânia

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O homem que quer “fazer a Rússia great again”, ou grande novamente. Foi assim que a historiadora Valerie Sperling descreveu Vladimir Putin à EXAME em perfil publicado originalmente em 2017.

No poder desde 2000, o presidente russo ganhou novamente os holofotes globais com suas investidas sobre a Ucrânia, uma ex-república da União Soviética (URSS) que decidiu pela independência em 1991. A Rússia invadiu de vez a Ucrânia no último dia 24 de fevereiro, com ataques à capital, Kiev.

Mas quem é Putin e por que seu interesse pela Ucrânia?

O presidente russo chegou ao alto escalão da política do país nos anos 1990, ainda no governo Boris Yeltsin, e de lá nunca mais saiu. Desde então, Putin representa, para grande parte da população de seu país, aquele que estabilizou a Rússia após a queda da URSS e que não se curva aos interesses ocidentais. A tensão com a Ucrânia, que começou de fato com a anexação da Crimeia em 2014, é só um reflexo dessa visão de mundo.

“Ele não é um grande orador, não é um líder carismático, mas chega até o russo médio porque passa credibilidade. Ele representa o que muitos acreditam ser um poder necessário para resgatar a autoridade russa que foi perdida”, disse em entrevista anterior para a revista Exame o historiador Sidney Ferreira Leite, especialista em Relações Internacionais.

Carreira na KGB

Filho de uma operária e de um soldado da marinha que lutou na Segunda Guerra, o homem mais poderoso da Rússia cresceu num subúrbio de São Petersburgo, segunda maior cidade do país — chamada de Leningrado até 1991, herança da Revolução Russa que instaurou o comunismo em 1917. Nascido em 1952, foi criado como filho único, uma vez que os irmãos morreram ainda crianças. “Não posso dizer que éramos uma família muito emocional. Não conversávamos muito”, contou ao documentário The World’s Most Powerful President, da rede americana Freedom TV.

Putin, então primeiro-ministro, ao lado do presidente Boris Yeltsin, em 1999: ascensão meteórica na política russa (AFP via Getty Images/Getty Images)

Em 1975, então com 24 anos anos, entrou para o treinamento da KGB, o serviço secreto russo, logo após concluir o curso de Direito pela Universidade de Leningrado. Por seu alemão fluente, trabalhou para a KGB na Alemanha Oriental e viu de perto o início da queda do Muro de Berlim, em 1989. O presidente conta que queimou documentos da KGB, na ocasião, para que opositores não os encontrassem. Putin permaneceria no serviço secreto até 1991.

De volta a São Petersburgo, Putin se aproximou do então prefeito Mayor Sobchak. Em 1994, se tornou vice-prefeito da cidade — e seria o início de sua vida pública. Dois anos depois, já em Moscou, conheceu o alto escalão da política russa. A escalada foi rápida. Passou a integrar a FSP, agência de inteligência que substituiu a KGB após o fim da URSS, foi nomeado diretor da instituição, logo depois garantiu o cargo de secretário do Conselho de Segurança e, em 1999, foi escolhido para ser primeiro-ministro do então presidente Boris Yeltsin — o primeiro líder eleito democraticamente após o fim da URSS.

Para muitos, boa parte da rápida ascensão de Putin se deve ao apoio de Yeltsin, e a relação dos dois é vista como controversa. Circulam rumores de que Putin, no comando da FSP, teria chantageado o procurador-geral russo, Yury Skuratov, para impedir que ele investigasse o envolvimento de Yeltsin em um esquema de propina. Por isso, Yeltsin é acusado de ter escolhido Putin para ser seu braço-direito apenas por acreditar que ele, no futuro, o protegeria novamente de outras investigações.

Ninguém pode dizer que Yeltsin não estava certo: talvez por herança dos treinamentos de KGB, Putin tem fama de ser extremamente leal com os amigos. Quando assumiu a presidência pela primeira vez, em 2000, perguntaram qual era seu colega mais digno de confiança. Ele citou cinco pessoas na ocasião e, quase duas décadas depois, todas elas ainda ocupavam cargos do alto escalão do governo.

Putin, em sua primeira vez como primeiro-ministro, em 1999: escolhido pelo presidente (Laski Diffusion/Getty Images)

O 11 de setembro russo

Yeltsin não só nomeou Putin como primeiro-ministro como anunciou que apostava nele para ser seu sucessor — e o seu pupilo, de fato, venceu as eleições do ano seguinte. Se hoje Vladimir Putin é o nome mais forte da política russa, na época ele era apenas um ex-espião da KGB praticamente desconhecido. Como conseguiu votos suficientes para se eleger presidente? Sua popularidade cresceu logo no início do seu trabalho como premiê, graças a uma ofensiva militar que muitos estudiosos classificam como o “11 de setembro russo”.

No fim da década de 1990, quando o império soviético se desmantelava, um dos territórios em disputa era a Chechênia, que se proclamara independente em 1991. Para retomar o controle da região, Yeltsin iniciou a Primeira Guerra da Chechênia em 1994, e o embate terminou com uma derrota da Rússia.

Mas uma nova ofensiva russa liderada por Putin retomou o território. E a nova investida russa, mais dura, foi justificada por um atentado a um prédio residencial no centro de Moscou, que terminou com a morte de dezenas de russos. Segundo o governo, o ataque foi articulado pelos chechenos, mas, para os oposicionistas, Putin forjou o atentado para justificar a guerra e, de quebra, fortalecer seu nome no radar da política nacional. Uma jornalista e um ex-espião russo que tentaram investigar o caso apareceram mortos anos depois.

O fato é que o caso fez mesmo a popularidade de Putin crescer. Em dezembro de 1999, Yeltsin renunciou e Putin se tornou presidente interino. Em 2000, venceu as eleições logo no primeiro turno, com 53% dos votos.

Agora, Putin está em seu quarto mandato como presidente (2000, 2004, 2012, 2018). Como a Constituição russa não permitia três mandatos seguidos, nas eleições de 2008, ele voltou a ser primeiro-ministro e apoiou Dmitry Medvedev — seu atual premiê e escolhido a dedo para substituí-lo na presidência até que ele pudesse retornar ao cargo em 2012. Na prática, é Putin quem manda no país há mais de 20 anos.

Durante a pandemia da covid-19, o presidente saiu também vencedor em um referendo que o permitirá seguir se elegendo até 2036. A votação foi questionada pela oposição.

Putin em montaria em 2020: fotos públicas com animais, viagens e demonstrações de força (Mikhail Svetlov/Getty Images)

Macho alfa russo

Embora Putin governe a Rússia há mais de uma década, pouco se sabe sobre sua vida pessoal. Do casamento de 30 anos com Lyudmila Shkrebneva, de quem se divorciou em 2013, vieram duas filhas, cujas identidades são guardadas a sete chaves. Uma reportagem da agência de notícias Reuters apurou, embora sem conseguir confirmar a informação, que ambas são pesquisadoras e não usam o sobrenome Putin para não serem identificadas. Ora ou outra, o assunto volta à tona.

“Eu nunca disse onde exatamente minhas filhas trabalham, o que elas fazem, e não pretendo fazê-lo agora por muitas razões, incluindo por uma questão de segurança”, declarou.

De qualquer forma, Putin não é uma exceção entre os líderes russos, e que a discrição é quase uma característica cultural. “Nos Estados Unidos, tudo é muito público. Os candidatos fazem campanha com suas famílias, todo mundo conhece Michele Obama ou Jackie Kennedy. Mas na Rússia, eles quase nunca falam sobre isso”, explicou Sperling em 2017, então professora da Universidade Clark e membro do Davis Center para Estudos da Rússia e da Eurásia.

Mas a discrição não impede que a imagem pessoal de Putin seja explorada — e trabalhe a seu favor. Principalmente nos primeiros anos de mandato, circulavam fotos do presidente cavalgando sem camisa, praticando esportes ou caçando animais selvagens.

E esse é um dos fatores que o fazem reforçar a imagem de liderança e transmitir confiança aos russos. No artigo Capitalismo, autocracia e masculinidades na Rússia, a pesquisadora Tatiana Zhurzhenko estudou como Putin representa o típico homem soviético, o chamado muzhyk— independente, forte, trabalhador, patriota e leal. “O país inteiro sabe a lista de hobbies heróicos do presidente. Isso inclui lutar judô, andar a cavalo, mergulhar, pilotar uma Harley-Davidson ou um avião de caça, resgatar animais selvagens”, escreveu Zhurzhenko.

70% de popularidade

Por vários parâmetros, a popularidade de Putin dentro da Rússia é inegável. Uma pesquisa deste ano do Levada Center, instituto russo independente e visto como confiável pela comunidade internacional, identificou que o presidente tinha quase 70% de aprovação. A aprovação já foi mais alta, superando até 80% em alguns momentos.

Mas é fato que cresceu com a crise na Ucrânia. Em agosto de 2021, eram 61%, aumentando com o desenrolar do conflito. Só um terço da população desaprova Putin.

Vladimir Putin

Vladimir Putin: popularidade aumentou nas semanas anteriores à invasão da Ucrânia (Andrey Rudakov/Bloomberg)

No passado, Putin assumiu num período economicamente muito difícil para a Rússia: após o fim da União Soviética, os primeiros presidentes, Mikhail Gorbachev e Boris Yeltsin, implantaram um plano de transição para o capitalismo, com privatização desenfreada que beneficiou oligarquias próximas ao governo. O resultado foi desastroso.

“Com Yeltsin e Gorbachev, a Rússia perdeu o status de grande potência, e a década de 1990 foi um período de exceção na história de poder do país”, disse em entrevista anterior para revista Exame o historiador Angelo Segrillo, professor da USP e autor do livro Rússia: Europa ou Ásia.

Enquanto bilhões de dólares da elite russa eram enviados para o exterior, a Rússia se endividava com o Fundo Monetário Internacional, e o PIB caiu 40% só em 1999. “O colapso da União Soviética foi seguido pelo fim da segurança, um descontrole. Então o Putin veio e trouxe algum tipo de estabilidade, de segurança”, disse em 2017 a historiadora Marci Shore, da Universidade Yale, e autora de The Taste of Ashes: The Afterlife of Totalitarianism in Eastern Europe (“O gosto das cinzas: a vida póstuma do totalitarismo na Europa Oriental”, em tradução livre).

Quando Putin assumiu, implantou algumas reformas, como a desvalorização do rublo russo, para favorecer as exportações. E os preços das commodities voltaram a crescer a partir de 2000. O barril de petróleo, um dos principais produtos russos, passou de 10 dólares para 100, em 2008.

Resultado: na era Putin, o PIB subiu, sobretudo até 2014, a renda e o consumo aumentaram e o número de pessoas abaixo da linha da pobreza caiu de 30% em 2000 para 14% em 2008 (tendo piora na sequência com crises econômicas e sanções do Ocidente pela anexação da Crimeia).

“Putin veio logo depois do fundo do poço e recentralizou o Estado”, diz Segrillo. “Muitos gostaram porque acham que ele colocou ordem na casa”. Os líderes centralizadores costumam ser um sucesso na Rússia – uma tradição que vem dese o período dos czares.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da China, Xi Jinping se reúnem em Moscou.

Putin e Xi Jinping: aliança com chineses (Evgenia Novozhenina/Reuters)

Sem oposição

Para além de sua popularidade entre a população, o cerco à oposição também vem piorando nos últimos anos, deixando Putin sem concorrência na disputa pelo poder.

No começo, embora sempre controlador, Putin tentava administrar uma oposição relativamente plural. Mas, com o crescimento dos movimentos contrários ao seu governo, ele vem se tornando cada vez mais autoritário, controlando a imprensa, divulgando estatísticas estatais imprecisas e perseguindo inimigos políticos — são mais de 100 pessoas presas por orientação ideológica na Rússia, segundo a ONG de direitos humanos russa Memorial. Nas eleições de 2012, observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa alegaram que faltou aos adversários de Putin “acesso genuíno” à mídia. O cenário só piorou, e no ano passado, Putin foi acusado de envenenar o opositor, Alexei Navalny.

Com a queda nos preços do petróleo e outras commodities em um período após 2014 e as sanções econômicas do Ocidente, a Rússia entrou em recessão no mesmo ano.

Desta vez, com o barril superando 100 dólares e o preço do gás natural em alta, Putin, ironicamente, pode se beneficiar economicamente do próprio caos criado pela guerra na Ucrânia.

Também há uma percepção no país de que as sanções pós-2014 foram relativamente superadas, e que a Rússia pode fazê-lo novamente. Além disso, a Rússia está, sem dúvida, mais preparada para receber sanções, com crescimento de reservas em dólar e parceria com a China, para quem pode vender seu gás natural caso a Europa faça bloqueios. Na outra ponta, as sanções do Ocidente anunciadas até agora são as mais fortes já infringidas ao país, e novas medidas, ainda mais duras, podem ser anunciadas.

Maurício Moura, do instituto especializado em opinião pública ideia, aponta que um dos poucos pontos fracos de Putin é o potencial impacto econômico de uma guerra aos cidadãos russos. Embora Putin não dispute eleições consideradas completamente livres por observadores externos, impactos na elite do país e nas importações de tecnologia, por exemplo, podem ser um baque a sua popularidade (veja no vídeo abaixo).

Um conflito atrás do outro

Para conseguir manter sua popularidade alta, tem sido fundamental para Putin apostar na postura bélica. Para a pesquisadora Lilia Shevtsova, o presidente usa “um conflito político atrás do outro” para se “re-energizar” com o eleitorado, conforme explicou em entrevista anterior. E, sobretudo, para realçar sua principal força – a militar – para o resto do mundo. Longe do auge econômico soviético, a economia russa é hoje menor do que a do Brasil, e vive sobretudo de exportação de petróleo e gás.

Em sua escalada militar, o principal território de influência de Putin há alguns anos foi a Síria, com a Rússia oferecendo apoio ao ditador Bashar al-Assad e atuação relevante do país. “Se envolver com a Síria foi o jeito do Putin de voltar para a mesa”, disse Valerie Sperling, da Clark University, durante um dos auges da guerra em 2017.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante cúpula do G20 na Argentina.

Putin e Trump: ex-presidente americano, ao comentar invasão ucraniana, disse que Putin é “um gênio” (Mikhail Svetlov/Getty Images)

À distância, Putin também se tornou protagonista das disputas eleitorais americanas. Há acusações de que o Kremlin esteja por trás de ataques de hackers russos e manipulação por redes sociais, sobretudo nas eleições de 2016, vencidas por Donald Trump. A cibersegurança é uma grande preocupação em meio à guerra. Em discurso após a invasão na Ucrânia, o presidente americano, Joe Biden, disse que haverá “resposta” caso a Rússia ataque empresas ou sistemas americanos. Alvos do governo ucraniano já foram atacados nos últimos dias.

Mas, no caso da Ucrânia, há um fator histórico ainda mais forte. A Ucrânia e Belarus (onde o ditador Alexander Lukashenko apoia Putin) são vistos por Putin como, na prática, partes por direito da Rússia – por terem muitos russos étnicos e culturalmente mais próximos de Moscou do que do Ocidente.

Por que a Ucrânia é disputada

No passado, o território que hoje é a Ucrânia chegou a ser parte do antigo Império Russo. Depois, em 1919, virou uma república da URSS. Com o colapso do bloco, a Ucrânia selou de vez a independência em 1991 e sua integridade territorial em um acordo de 1994, sendo, portanto, uma democracia ainda muito jovem.

Assim, a Ucrânia tem sido, desde o fim da Guerra Fria, uma fronteira entre a influência da Europa Ocidental e da Rússia.

Uma possível entrada da Ucrânia na Otan, que chegou a ser ventilada nos anos 2000 e 2010, é o motivo oficial das tensões atuais na Ucrânia. Putin disse que a Ucrânia é uma ameaça à segurança nacional russa e que, se entrasse na Otan, poderia ser um “trampolim” para um eventual ataque ocidental à Rússia.

Marcha contra invasão russa em Kiev, em 12 de fevereiro: divisão entre porção leste e oeste do país (Chris McGrath/Getty Images)

Após o fim da URSS, a Otan e a União Europeia passaram a agregar nos anos 1990 e 2000 muitos países que eram zona de influência soviética na chamada Europa Central. Assim, países como os Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), República Tcheca, Hungria, Polônia, Eslovênia e Eslováquia se tornaram membros — a contragosto da Rússia.

Mas a Ucrânia ficou no meio do caminho. Movimentos de aproximação com a União Europeia e a Otan foram feitos ao longo dos últimos anos. Protestos populares pró-Ocidente realizados em 2013 derrubaram o presidente pró-Rússia.

Em resposta, o Kremlin apoiou separatistas na Crimeia, onde já vivia numerosa população de origem russa, o que se desdobrou na anexação da região em 2014, e no apoio a separatistas nos territórios de Luhansk e Donestk. Uma guerra civil tem ocorrido desde então, com mais de 14.000 mortos.

Não há, no entanto, uma visão coesa na Ucrânia sobre esses movimentos. Enquanto a porção oeste anseia obter os padrões europeus, a parte leste ainda se vê mais próxima dos russos.

Em discurso dias antes do ataque a território ucraniano, Putin colocou dúvidas a própria existência da Ucrânia como país soberano, afirmando que fora uma “artificial” de Vladimir Lenin, primeiro líder soviético. Agora, o presidente russo pede o que chama de “desmilitarização” da Ucrânia.

Antes da anexação da Crimeia e do início dos conflitos separatistas em Donbas em 2014, a Rússia havia ainda atacado a Geórgia em 2008, ex-república soviética que também começava a negociar um ingresso na Otan. Muito mais do que a mera entrada

“Na prática, já há uma guerra acontecendo desde então”, disse em entrevista à revista Exame em janeiro Maurício Santoro, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “Mas o que mudou, agora, é esse tamanho da ambição russa com relação à Ucrânia. Há sete anos, o objetivo era anexar um território que era estratégico para a Rússia. O que vemos hoje é uma escalada da crise para um objetivo mais amplo, que significa definir quais vão ser as esferas de influência na Europa Oriental, onde vai passar essa linha.”

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