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domingo 31 de maio de 2020 às 10:04h

EUA têm nova noite de fúria, frustração e protestos por morte de George Floyd

MUNDO, NOTÍCIAS


Incêndios ocorreram e bombas de gás lacrimogêneo voaram em Minneapolis enquanto objetos eram jogados contra os policiais. Em Seattle, a fumaça encheu o ar quando a polícia, em equipamentos anti-motim, cerrou fileiras em frente ao comércio. E na Filadélfia, bombeiros apagaram chamas e policiais perseguiram um grupo de manifestantes pelas ruas por violar o toque de recolher. As palavras “não consigo respirar” foram pichadas em um prédio não muito longe de onde a fumaça subia.

EUA: George Floyd e policial que o asfixiou trabalharam juntos ...

Saqueadores invadiram lojas na famosa Melrose Avenue, em Los Angeles, deixando as prateleiras vazias e incendiando alguns edifícios.

A Guarda Nacional foi mandada para Washington para ajudar a polícia a lidar com protestos em torno da Casa Branca, disseram autoridades.

Pelo menos 25 cidades impuseram toque de recolher e vários estados ativaram as forças da Guarda Nacional em antecipação a outra noite de protestos, provocada em parte pela morte de Floyd — que estava desarmado e algemado — enquanto estava sob custódia da polícia de Minneapolis.

O ex-policial visto em um vídeo ajoelhando no pescoço de Floyd foi preso e acusado. Os manifestantes estão exigindo a prisão de outros três policiais no local

Resumo

• Toque de recolher: Um toque de recolher está em andamento em cidades como Atlanta, Filadélfia e Milwaukee até domingo (31) de manhã. Prefeitos em cidades como Denver, Cincinnati, Louisville e Salt Lake City impuseram toques de recolher noturnos que expirarão na segunda-feira (1º) de manhã.

• Policial ferido: um policial da Filadélfia que tentava impedir saqueadores foi atropelado por suspeitos enquanto fugia. Ele está no hospital com um braço quebrado e outros ferimentos. Pelo menos 12 outros policiais ficaram feridos.

• Guarda Nacional: Vários estados e o Distrito de Columbia ativaram ou solicitaram assistência da Guarda Nacional, incluindo Minnesota, Geórgia, Ohio, Colorado e Kentucky.

• Jovem de 21 anos morto: Um jovem foi morto na noite de sexta-feira (29) no centro de Detroit, onde protestos estavam ocorrendo. A polícia havia dito anteriormente que a vítima tinha 19 anos e que não podia confirmar se a vítima fazia parte dos protestos.

Protestos em Minnesota

Autoridades estaduais e locais disseram que a violência em Minneapolis estava sendo alimentada por pessoas de fora.

“Nada que façamos para fazer justiça” para Floyd “importa para qualquer uma das pessoas que estão aqui atirando contra a Guarda Nacional, queimando” lojas e “perturbando a vida civilizada”, disse o governador do Minnesota, Tim Walz, a repórteres no sábado (30).

O governador disse que entende que “a incapacidade dos cidadãos de Minnesota de lidar com a desigualdade” e o racismo foram os catalisadores dos protestos — mas ele disse que estimativas aproximadas indicam que apenas 20% dos manifestantes são do estado.

O prefeito de St. Paul, Melvin Carter, disse que todos os presos em sua cidade na sexta-feira (29) à noite eram de fora do estado.

Uma análise da CNN dos dados do escritório do xerife do condado de Hennepin mostrou que mais de 80% dos presos por distúrbios e outras acusações potencialmente relacionadas a distúrbios nos últimos dois dias eram de Minnesota.

Das 51 pessoas que foram presas entre o meio-dia de quinta-feira (28) e o meio-dia de sábado (30) por distúrbios, assembléias ilegais, assaltos ou danos a propriedades, um total de 43 tinha um endereço listado em Minnesota, segundo os dados.

Os dados cobrem apenas pessoas na prisão, não necessariamente todas as detenções. O condado de Hennepin inclui Minneapolis, mas não St. Paul.

John Harrington, o comissário de segurança pública do estado, disse que afirmações sobre agitadores externos vêm em parte de dados de prisões, bem como informações de folhetos e publicações on-line.

As autoridades não forneceram mais detalhes sobre quem exatamente estava alimentando os distúrbios e de onde eles eram. Harrington disse que esperava divulgar mais informações ainda no sábado (30).

O procurador-geral dos EUA, William Barr, disse que as “vozes de protesto pacífico estão sendo sequestradas por elementos radicais violentos” que perseguem “sua própria agenda separada e violenta”.

Sem citar evidências, o procurador-geral disse que em muitos lugares “parece que a violência é planejada, organizada e conduzida por grupos extremistas de esquerda e anárquica, grupos extremistas de extrema esquerda usando táticas do tipo Antifa, muitos dos quais vieram de fora do estado para promover a violência”.

Uma porta-voz do Departamento de Justiça disse depois que as informações que sustentam a afirmação de Barr vieram da polícia estadual e local.

Vandalismo em Los Angeles e Chicago

Os protestos começaram no sábado em cidades como Chicago, Baltimore, Los Angeles e Washington, onde veículos do Serviço Secreto foram vandalizados com pichações do lado de fora da Casa Branca.

Uma manifestação em Los Angeles levou a confrontos entre a polícia e os manifestantes. Veículos da polícia foram vandalizados em Los Angeles por alguns manifestantes que chutaram as janelas ou pulverizaram os carros com pichações. A polícia disparou balas de borracha contra os manifestantes, que entoaram “Black Lives Matter” (“Vidas negras importam”) e “George Floyd”.

Imagens aéreas da afiliada da CNN WLS mostraram manifestantes em Chicago vandalizando veículos da polícia. Alguns jogaram garrafas de água contra policiais em equipamento anti-motim, enquanto outros foram vistos levantando barricadas e jogando-as em carros da polícia.

Na Filadélfia, a polícia disse que os protestos na prefeitura e no Museu de Arte começaram pacificamente antes de um grupo começar a “cometer atos criminosos, incluindo vandalismo”.

Em Atlanta, a polícia se preparou para mais protestos e prisões em potencial no sábado à noite. Membros da Guarda Nacional se reuniram no Lenox Square Mall depois que o departamento de polícia disse que seria assistido por cerca de 20 outras agências para monitorar as atividades e “proteger os distritos comerciais vulneráveis ??e os centros de varejo”.

Mortes

Um país que ficou preso por semanas sob restrições do novo coronavírus e sofrendo com a perda de empregos resultante viu multidões se manifestando nas ruas de mais de 30 cidades na sexta-feira (29).

Os manifestantes inicialmente se reuniram pacificamente em alguns lugares, mas a raiva estourou com o passar das horas.

Em um protesto em Detroit, uma pessoa foi morta a tiros.

Em Oakland, Califórnia, um oficial do Serviço de Proteção Federal foi morto e outro ferido na sexta-feira em um tiroteio em um prédio federal durante protestos na cidade, informou a polícia. Detalhes sobre o que levou ao tiroteio não estavam disponíveis imediatamente.

“Está na hora dessa brutalidade policial ter que parar. Não concordo em invadir todos os comércios, mas posso entender a indignação após incidentes repetidos”, disse Mackenzie Slagle sobre os protestos em Oakland. “Sou uma mulher branca, e precisava estar aqui para todos os meus irmãos e irmãs.”

Em Atlanta, os protestos se tornaram violentos quando uma multidão incendiou um carro da polícia e quebrou janelas no CNN Center.

“O que vejo acontecendo nas ruas de Atlanta não é Atlanta. Isso não é um protesto. Isso não está no espírito de Martin Luther King Jr. Isso é um caos”, disse a prefeita de Atlanta, Keisha Lance Bottoms.

A palavra “Killer” (“assassino”) foi pichada em um carro da polícia em Los Angeles, onde os manifestantes bloquearam o trânsito. Pelo menos dois policiais ficaram feridos durante a noite, disse a polícia de Los Angeles.

Mas outras cidades viram um contraste entre manifestantes.

Em Minneapolis, o epicentro das manifestações, alguns manifestantes se ajoelharam sob uma ponte e rezaram enquanto outros atiravam pedras contra policiais que disparavam balas de borracha como resposta.

Minneapolis e St. Paul estavam sob toque de recolher após saques e incêndios criminosos durante os dias de protestos. Mas centenas foram às ruas enquanto a polícia disparava gás lacrimogêneo e manifestantes se escondiam atrás de carros.

Em Springfield, Massachusetts, centenas se reuniram pacificamente.

“Se você pode me dizer algo melhor para eu fazer — se você pode me dizer uma maneira de mudarmos o mundo sem tentar fazer barulho assim, então eu vou sair das ruas”, disse Max Bailey, 22 anos, nos protestos em Denver.

George Floyd

Derek Chauvin, o ex-policial acusado da morte de Floyd, está preso na cadeia do condado de Ramsey, em Saint Paul, disse à CNN um porta-voz do departamento de apreensão criminal do estado.

Ele está enfrentando acusações de homicídio em terceiro grau e homicídio em segundo grau. Sua fiança foi fixada em US$ 500.000 (cerca de R$ 2,6 milhões).

Chauvin, que é branco, e três outros policiais prenderam Floyd, que era negro, e o  algemaram na segunda-feira (25) depois que ele supostamente usou uma nota falsificada em uma loja de conveniência. A indignação cresceu depois que um vídeo mostrou Chauvin ajoelhado no pescoço de Floyd.

Chauvin ficou com o joelho no pescoço de Floyd por um total de 8 minutos e 46 segundos, de acordo com uma denúncia criminal apresentada na sexta-feira.

Todos os quatro policiais foram demitidos nesta semana após a morte de Floyd.

Um novo vídeo publicado nas mídias sociais parece mostrar três policiais de Minneapolis – não apenas Chauvin – ajoelhados sobre Floyd durante sua prisão. A CNN não conseguiu localizar a pessoa que gravou a filmagem. O novo vídeo mostra o outro lado do veículo policial de Minneapolis – o lado oposto mostrado no primeiro vídeo.

Uma autópsia preliminar disse que os efeitos combinados de Floyd sendo contido, possíveis intoxicantes em seu sistema e problemas de saúde subjacentes, incluindo doenças cardíacas, contribuíram para sua morte.

Até agora, há conclusões que embasam o estrangulamento como causa da morte, disse o médico legista, mas o correspondente médico da CNN, Dr. Sanjay Gupta, alertou que isso não significa necessariamente que Floyd não morreu de asfixia.

A CNN entrou em contato com o advogado do ex-policial e o sindicato da polícia de Minneapolis para comentar o ocorrido.

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