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terça-feira 18 de junho de 2024 às 14:12h

“Estar atualizado é mais importante do que ser especialista”

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James Reggio é chefe de engenharia da Brex há seis meses, mas está na empresa desde 2020, período em que ajudou a fintech com a construção de suas plataformas digitais. No último ano, o executivo foi responsável por adaptar os negócios à novidade do momento: inteligência artificial. “Antes de assumir o cargo de chefia responsável por gerenciar as tecnologias de uma empresa (CTO), liderei todos os esforços de IA”, conta.

A Brex, avaliada em US$ 12,3 bilhões, foi fundada pelos brasileiros Pedro Franceschi e Henrique Dubugras em 2017. Desde então, os co-fundadores também desempenhavam a função de co-CEOs. Isso mudou na última semana. Agora, Pedro Franceschi será o CEO enquanto Henrique Dubugras comandará o conselho administrativo da empresa.

No último mês, Reggio esteve no Brasil para fortalecer o compromisso da startup com talentos brasileiros. “Temos cerca de 132 funcionários no Brasil. Então, eu queria estar aqui para conhecer essa equipe e fazer conexões com a comunidade local para continuar contratando.”

Em entrevista à Forbes Brasil, o CTO compartilha detalhes da operação e suas perspectivas para o desenvolvimento de carreiras em tecnologia.

Confira:

FB: Como a Brex utiliza IA para aprimorar produtos e serviços?

JR: Antes de assumir o cargo de chefe de engenharia, liderei todos os nossos esforços de IA por um ano. Então, posso dizer exatamente o que estamos fazendo. Para começar, acho que a IA é um conceito amplo, que inclui o aprendizado de máquina e, obviamente, todo o campo de inteligência artificial generativa, cujo crescimento observamos nos últimos meses.

A Brex utiliza aprendizado de máquina desde o início, seja para prever riscos de fraudes ou para checar o funcionamento das operações. Portanto, sempre tivemos um investimento significativo na área. Com a IA generativa não foi diferente.

Porém, o aprimoramento da nossa IA deve-se ao contato com os clientes. Vou explicar: quando uma empresa contrata os serviços da Brex, os funcionários utilizam o aplicativo e a partir dos dados informados podemos alimentar a IA. Assim, criamos novas funções e ‘assistentes virtuais’ para melhorar a experiência dos usuários e analisar transações com o máximo de informações.

FB: Em um mercado cada vez mais competitivo, qual é o papel da tecnologia para alavancar os negócios?

JR: Primeiramente, é preciso desenvolver a competência de construir ferramentas úteis para todos os setores. Em seguida, contratar talentos que possam contribuir com demandas específicas, conforme as necessidades do negócio.

Com a IA generativa, por exemplo, você não precisa entender sobre aprendizado de máquina para poder usá-la e aproveitá-la adequadamente. Assim, estamos descobrindo que pessoas de todas as disciplinas podem usar uma IA para otimizar seu trabalho. Por isso, nos concentramos muito uns nos outros, com foco na educação e em ferramentas internas para destravar esse potencial.

E, claro, assim como outras startups, tentamos contratar especialistas que possam levar recursos específicos para o outro nível, aumentando o desempenho de determinadas tecnologias.

FB: Atualmente, quais são os principais desafios para profissionais de tecnologia?

JR: Sempre que uma nova tecnologia surge, empresas procuram por profissionais extremamente experientes. Só que não tem como você ter cinco anos de experiência em ChatGPT se o ChatGPT foi lançado há dois. Eu vejo nessa lacuna uma ótima oportunidade de treinar pessoas internamente.

Hoje em dia, eu não costumo procurar por profissionais com experiência em IA. Eu busco aquele arquétipo generalista de engenharia ou de ciência de dados que possa entrar, conhecer nosso negócio e aprender. Afinal, a menos que você esteja tentando desenvolver o próximo grande modelo de linguagem, você não precisa ser um mestre na área.

Por isso, é mais importante estar atualizado do que ser especialista.

FB: Qual é o diferencial mais interessante da Brex?

JR: Na esteira da pandemia, muitas empresas adotaram o trabalho remoto. Isso possibilitou que pessoas de países diferentes trabalhassem para a mesma organização — uma coisa que não era possível para startups. Isso é interessante porque começamos a ofertar nossa infraestrutura financeira com uma perspectiva global. Os fundadores da Brex, que são brasileiros, queriam que seus cartões corporativos funcionassem tão bem no Brasil quanto nos Estados Unidos e na Europa. E nós realmente conseguimos cumprir isso.

FB: O que te trouxe ao Brasil?

JR: Temos cerca de 132 funcionários no país. Então, eu queria estar aqui para conhecer essa equipe e fazer conexões com a comunidade local para continuar contratando. Tivemos muito sucesso com os brasileiros e queremos manter o ritmo. Também aproveitamos a visita para fazer um evento voltado para mulheres que desejam seguir carreira em tecnologia. Queremos fazer a nossa parte para mudar esse cenário desigual.

No que diz respeito à IA, vamos admitir engenheiros de aprendizado de máquina e cientistas de dados.

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