O presidente da França, Emmanuel Macron, respondeu nesta segunda-feira (26) ao comentário feito pelo presidente Jair Bolsonaro no Facebook sobre sua mulher, Brigitte. O chefe de Estado francês afirmou que o comportamento do presidente brasileiro foi “triste” e “extremamente desrespeitoso”.
Macron disse ainda esperar “muito rapidamente” que os brasileiros “tenham um presidente que esteja à altura do cargo”.
No último sábado 24, Bolsonaro respondeu ao comentário de um seguidor que comparou a beleza da primeira-dama da França à de Michelle Bolsonaro.
“Agora entende por que Macron persegue Bolsonaro?”, escreveu o seguidor, na legenda da foto dos casais. “Não humilha cara. Kkkkkkk”, respondeu Bolsonaro, em comentário ainda visível em seu Facebook.
A resposta de Bolsonaro repercutiu negativamente na imprensa francesa, que acusou o chefe de Estado brasileiro de sexismo.
Em uma coletiva de imprensa ao lado do presidente chileno Sebastián Piñera, durante a cúpula do G7 em Biarritz nesta segunda, Macron foi questionado por jornalistas sobre o comentário de Bolsonaro.
“O que eu posso dizer? É triste. É triste primeiro para ele, e para os brasileiros”, disse. “As mulheres brasileiras sem dúvida têm um pouco de vergonha [de seu presidente]”, afirmou o líder francês.
Macron descreveu ainda os últimos lances da crise diplomática com Brasília como um “grande mal-entendido”.
Também durante a coletiva desta segunda, Macron anunciou um acordo entre os líderes do G7 para doar 20 milhões de euros (cerca de 91 milhões de reais) em auxílio emergencial para ajudar a combater as queimadas na Amazônia.
A maior parte do dinheiro que será doado deve ser destinado ao envio de aviões Canadair de combate a incêndios. Além disso, o grupo das sete maiores economias do mundo também decidiu apoiar um plano de reflorestamento de médio prazo que será apresentado na Assembleia-Geral das Nações Unidas em setembro.
Para que a medida entre em vigor, o Brasil terá que concordar em trabalhar com ONGs e populações locais, segundo Macron.
Crise diplomática
As imagens da Floresta Amazônica em chamas provocaram comoção global e impulsionaram o assunto na agenda das discussões do G7. Emmanuel Macron tornou a situação uma das prioridades da cúpula, apelando no sábado para uma “mobilização de todos as potências” para lutar contra as queimadas e em favor do reflorestamento.
A questão, contudo, despertou uma intensa troca de críticas entre os governos do Brasil e da França. Na sexta-feira 23, Macron anunciou sua oposição ao acordo de livre-comércio assinado entre a UE e o Mercosul, acusando Bolsonaro de ter mentido sobre seus compromissos com o meio ambiente.
Sua posição foi apoiada pela Irlanda, que também usou as políticas ambientais brasileiras para criticar o pacto. Em seguida, a Finlândia, que atualmente detém a presidência rotativa da União Europeia, pediu que os países do bloco avaliem a possibilidade de banir a importação de carne bovina do Brasil.
No sábado, Bolsonaro admitiu estar “avaliando” a convocação do embaixador do Brasil na França ao país.
Ao longo do final de semana, as provocações do lado brasileiro se tornaram mais diretas. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, postou no Twitter no sábado uma mensagem atacando Macron e fazendo um trocadilho com seu sobrenome.
“Mais fogo em Angola e Congo do que na Amazônia…. e o Mícron não fala nada …. por que será? Será que é por que eles não concorrem com os ineficientes agricultores franceses ?”, escreveu Salles, acusando o presidente francês de se interessar pela proteção da Amazônia apenas para tentar enfraquecer o agronegócio brasileiro.
Já o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou Macron de “cretino” e disse que a França tem um líder sem caráter. “O Macron não está a altura deste embate. É apenas um calhorda oportunista buscando apoio do lobby agrícola francês”, escreveu no Twitter.
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