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O prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva ( PT ) — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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quinta-feira 11 de abril de 2024 às 10:16h

Entrevista: ‘Precisamos baixar a temperatura da polarização’, afirma ex-ministro cotado para presidir o PT

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Cotado para assumir a presidência do PT no ano que vem, o prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro, Edinho Silva, defende conforme entrevista a Sérgio Roxo, do O Globo, que o governo reduza a temperatura da polarização política com o bolsonarismo para aumentar a popularidade da gestão do presidente Lula da Silva (PT). O mandatário avalia que não há consenso no entorno de Lula sobre o tema e acrescenta que o PT “errou” ao não se contrapor, no Congresso, ao projeto que restringiu a “saidinha” de presos.

Qual a sua a avaliação sobre pesquisas que mostraram uma queda de avaliação do governo?

É um dos elementos para fazer análise. Há vários aspectos que você tem que olhar para entender a popularidade de um governo. As próximas pesquisas são importantes. Se continuar registrando uma tendência de queda, é claro que está mais do que caracterizado que o governo sangrou na sua popularidade. Estamos com muita dificuldade de furar a bolha da polarização.

Por quê?

A gente precisa, e essa é a minha opinião, não estou dizendo que é a do governo ou do PT, fazer um esforço grande para baixar um pouco essa temperatura. É como se a gente estivesse no Maracanã, com metade da torcida do Flamengo e metade da torcida do Vasco, e com todo mundo gritando para saber quem grita mais alto. Se não desfizermos esse ambiente, dificilmente vamos furar essa bolha. Tem uma parcela do eleitorado que votou no Bolsonaro, mas não é bolsonarista por convicção. Portanto, não é racista, homofóbica, machista, contra a ascensão social nem defende armas na cintura das pessoas. Nós temos que conversar.

As ações do governo estão contribuindo para baixar a temperatura?

O presidente Lula é o único líder político no Brasil capaz de fazer com que essa polarização ceda. Mas fica nítido que não há um consenso em relação a isso, talvez por leituras diferentes da conjuntura de segmentos do PT e do governo. O presidente Lula, com a experiência política que tem, deve estar incomodado e certamente fará movimentos para que haja um consenso em torno dessa necessidade de romper com a polarização.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu em entrevista ao GLOBO que a polarização é inevitável. Vocês divergem internamente nesse debate?

A polarização é um fenômeno internacional. Já que o mundo está mais empobrecido por causa da crise de 2008, a direita se reorganizou e cresceu internacionalmente. Então, quando a presidente Gleisi faz essa análise, ela está correta. Mas claro que, na disputa conjuntural interna, há espaço, não para que a gente acabe com a polarização, mas para que a gente diminua esse ambiente de disputa e consiga mostrar o que o presidente Lula tem feito, que não é pouco.

O Lula não dá declarações que estimulam a polarização, como quando chamou o Bolsonaro de covardão?

Eu não estou ali dentro no dia a dia e não consigo interpretar porque ele fez essa fala, por exemplo.

Há problemas na comunicação e falta unidade entre os ministros para mostrar o que o governo está fazendo?

É injusto tirar a comunicação do todo e fazer uma análise só dela. E não acho que está faltando unidade. O nível de desorganização do governo quando o presidente Lula assume é tamanho que os ministros trabalharam o primeiro ano reorganizando os seus ministérios, muito mais para dentro. Neste segundo ano, nós temos condições de unificar as linhas centrais da atuação.

Na campanha, o senhor defendeu que o presidente Lula lançasse uma carta aos evangélicos. O que deve ser feito para se comunicar com essa parcela da população?

O governo tem muita coisa sendo feita, que dialoga com os valores dos evangélicos, dos católicos mais conservadores, programas na áreas da saúde, da educação. O que nós temos é pegar esses programas e mostrar que o governo está trabalhando para fortalecimento das famílias, dos laços das crianças e adolescentes, a recuperação de dependentes químicos. Se mostrarmos isso, vamos estar conversando com a comunidade evangélica sem debater a fé e a religião. Achar que nós não estamos fazendo nada para os evangélicos é um erro. Talvez o que nós precisamos é dar visibilidade. Acho importante o presidente encontrar lideranças católicas, judaicas, kardecistas e evangélicas.

O PT não se posicionou no Congresso no projeto que acabou com as saidinhas dos presos. Como viu isso?

Saidinha não, nós estamos falando de programa de reinserção social de apenado. Esse é o nome. Não conheço na História mundial uma força de esquerda que tenha renunciado ao humanismo. Como que eu posso abrir mão do direito de alguém que foi apenado por um erro, pagou pelo seu erro, ser reinserido na sociedade? Foi um erro (a posição da bancada). Nós rebaixamos as nossas posições com o receio da polarização.

O senhor é citado como preferido do Lula para assumir a presidência do PT no ano que vem. Tem essa disposição?

Quem conduz a sucessão é a própria presidente Gleisi. Se o meu nome está cotado, como tem outros cotados, quem tem que conduzir esse processo de diálogo é ela.

E para ser ministro? Houve conversas?

Minha relação com o presidente é a melhor possível. O presidente nunca conversou comigo sobre ministério. Ele sabe da importância de eu terminar o meu mandato em Araraquara.

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