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O líder do PT na Câmara, o deputado Zeca Dirceu (PR) — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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domingo 24 de setembro de 2023 às 18:55h

Entrevista: ‘Base se formou, mas não dá para aprovar pauta de costumes’, diz Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR) afirma que a reforma ministerial, com a entrada de PP e Republicanos no primeiro escalão, consolida a base, mas que a aliança não é suficiente para aprovar pautas de costumes, por exemplo. Em entrevista a Gabriel Sabóia, do jornal O Globo, o deputado endossa as críticas do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a possíveis “exageros” da Polícia Federal e alfineta a Justiça Eleitoral.

A aliança com o Centrão consolida a base do governo na Câmara ou ainda há risco?

Temos uma base ampla, entre 350 e 370 votos. E não avalio isto apenas pelas últimas trocas ministeriais: desde a PEC da Transição, tínhamos votos importantes de partidos do centro, como União Brasil e PP.

O governo vai aproveitar para tentar aprovar alguma pauta da área de costumes?

Nossas prioridades são combater a fome, gerar empregos e estar com a economia equilibrada. Eu, sinceramente, não vejo ambiente para o governo pautar algo polêmico relacionado a costumes. Não dá para termos ilusões. Tivemos aprovações importantes, como a reforma tributária e a ampliação do Bolsa Família.

A reforma tributária teve o presidente da Câmara, Arthur Lira, como fiador. E antes disso o governo já havia sofrido derrotas em plenário. Houve falhas na articulação?

Não. O Lula optou por governar com uma aliança maior do que a vista nas eleições, mas isso nem sempre se firma na velocidade com que todos gostariam. O Lira é um aliado. O Brasil tem andado graças à atuação da Câmara.

O senhor mesmo chegou a criticar a articulação do governo durante o projeto de desoneração da folha.

Os problemas se deram por falta de velocidade em algum momento na liberação de recursos e de nomeações de cargos, mas isso também faz parte de uma nova gestão.

Lira será ministro depois que deixar a presidência da Câmara?

Nunca o ouvi falando sobre este tema, então não acho que seja uma vontade dele. Além disso, a decisão é uma prerrogativa pessoal do presidente da República. Isto envolve seriedade e confiança.

A Polícia Federal foi alvo de críticas de Lira, que citou “excessos”. É uma preocupação justificada?

Lira se referiu a exageros, atropelos e ilegalidades. E isso é inaceitável em qualquer órgão, inclusive a Polícia Federal. É uma preocupação pertinente. Os exageros do Judiciário, por exemplo, não foram bons para este país. Então, todo exagero requer atenção.

Integrantes da base defendem a PEC da Anistia, que dá um perdão bilionário a partidos e acaba com percentual mínimo para candidaturas femininas. Não é um retrocesso?

O PT foi o primeiro partido a garantir o espaço das mulheres, negros e jovens. Mas, neste momento, a PEC da Anistia tenta aliviar penalidades financeiras. Isso é meritório, e o tema será aprovado sem exageros. Já na próxima eleição teremos avanços e maior representatividade.

O PT se aliou ao PL nesta pauta…

Não tem a ver com ideologias, por isso não é tão contraditório. O PT e o PL estão ao lado da mentalidade dos partidos grandes, por mais que isto desagrade partidos que são aliados, como o PCdoB. É a vida, não tem jeito. A grande disputa é dos grandes partidos contra os pequenos.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu o fim da Justiça Eleitoral, como o bolsonarismo pediu no passado. Essa posição encontra respaldo no PT ou ela está isolada?

Ela foi mal interpretada, mas a Justiça Eleitoral é passível de críticas. Dívidas contábeis não podem cassar mandatos. Da maneira com que temos caminhado, em alguns anos não será eleito quem teve mais votos, mas quem teve o melhor contador. Isso é um absurdo. Um candidato que tem problemas com uma simples nota fiscal não pode estar em xeque.

O senhor foi criticado inclusive na base por ter incluído no projeto de lei sobre as perdas do ICMS uma medida que não estava relacionada com o tema do texto e que pode reduzir o piso da saúde. Qual o motivo dessa inclusão?

Foi um pedido de entidades da saúde e alguns parlamentares. Poucos me criticaram, e não me geram desgastes. Eu sempre vou lutar por mais recursos. O dispositivo que incluí não impede o Ministério da Fazenda de debater com o governo um valor ainda maior para o piso da saúde.

Essa mudança era importante para o Ministério da Fazenda?

Não me pediram nada na Fazenda.

O senador Sergio Moro (União-PR) enfrenta uma ação na Justiça Eleitoral que pode cassá-lo. Caso isso aconteça, o senhor vai disputar internamente com a Gleisi a candidatura ao Senado pelo PT?

Caso exista essa cassação, o que acho provável, tenho condições de contribuir mais com o Paraná. Mas a escolha não é minha. Estou buscando apoios dentro do PT e em outros partidos.

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