As negociações que deverão levar nomes de PP e Republicanos para a Esplanada dos Ministérios já duram 50 dias e só deverão ser concluídas na próxima semana, em agosto. Até agora, segundo Sérgio Roxo e Jeniffer Gularte , do O Globo, não há consenso sobre quais pastas os indicados pelos dois partidos do Centrão vão ocupar. Além disso, os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), escolhidos para assumir os cargos, estão fora de Brasília nesta semana.
Os dois aguardam um chamado do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O Republicanos indicou Costa Filho e pleiteia o Ministério do Esporte. Já o PP pediu que Fufuca ficasse com a pasta do Desenvolvimento Social. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, disse publicamente que não abriria mão dessa pasta, responsável pelo Programa Bolsa Família e comandada pelo petista Wellington Dias. Ele também resiste a desalojar Ana Moser do Esporte.
Costa Filho está em Pernambuco e só deve voltar para Brasília no começo da próxima semana, quando acaba o recesso parlamentar. O deputado tem realizado encontros políticos com prefeitos do estado.
Fufuca esteve na capital federal no começo da semana, mas não teve encontros com a cúpula do governo. Na quarta-feira foi para o Maranhão.
Com a resistência de Lula em mexer nos dois ministérios inicialmente almejados, o governo estuda novos desenhos para acomodar PP e Republicanos na Esplanada. As discussões começaram na noite de terça-feira em uma reunião de Lula com Padilha e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já conversaram por telefone para acertar os ponteiros sobre o “timing” das mudanças na Esplanada.
O presidente ficou de acertar os ponteiros internamente, com PT, PCdo B e PSB, e posteriormente voltar a falar com Lira. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, já admitiu que seu partido terá que ceder espaço em nome da governabilidade. Os outros dois aliados históricos, no entanto, resistem.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, deu declarações públicas criticando a negociação com o Centrão e lembrando o apoio estratégico de seu partido a Lula nas eleições do ano passado. Os pessebistas comandam o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com o vice-presidente Geraldo Alckmin, e Portos e Aeroportos. Aliados avaliavam que um dos dois poderia ser remanejado para abrigar PP ou Republicanos. Já o PCdoB comanda o Ministério da Ciência e Tecnologia. Nesse caso, Luciana Santos poderia ser deslocada para outra pasta, já que o governo é pressionado a não diminuir o número de mulheres no primeiro escalão.
Ministro informal
Outra negociação que se arrastou foi a troca de Daniela Carneiro (União-RJ) por Celso Sabino (União-PA) no Ministério do Turismo. E, apesar de ter sido anunciado para o cargo no dia 6 deste mês, até hoje Sabino não tomou posse. Mesmo assim ele já despacha no ministério.
Daniela perdeu apoio do União Brasil para permanecer no cargo. O Planalto fez a troca na tentativa de garantir mais votos do partido na Câmara.