terça-feira 14 de maio de 2024
Líderes dos partidos políticos italianos, de cima para a direita: Enrico Letta, do Partido Democrata (PD); Matteo Salvini, da Liga; Carlo Calenda, do partido Azione; Giorgia Meloni, do Fratelli d'Italia; Silvio Berlusconi, do Forza Italia; Giuseppe Conte, do Movimento 5-Estrelas. REUTERS - REUTERS PHOTOGRAPHER
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domingo 25 de setembro de 2022 às 11:20h

Entenda o que está em jogo nas eleições italianas, que podem levar extrema direita ao poder

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Os mais de 50 milhões italianos votam sob o olhar atento da União Europeia. São grandes as expetativas sobre o caminho que a terceira maior economia do bloco vai escolher.

As últimas pesquisas, há duas semanas, apontam como vitoriosa a coalizão de direita e extrema direita. Esta aliança é formada principalmente por três partidos: Forza Itália, liderado por Silvio Berlusconi, Liga, de Matteo Salvini, e Irmãos da Itália, cuja líder Giorgia Meloni estaria em vantagem em relação aos aliados. Portanto, ela poderá ser a primeira mulher a governar a Itália.

Na complexa lei eleitoral italiana, os vencedores precisam de grandes alianças de campanha com outros partidos para obterem maioria no Parlamento. O embargo das sondagens teve início duas semanas antes do dia das eleições. Uma média das informações de vários institutos de pesquisa indica que a coalizão de direita e extrema direita contaria com cerca de 46% da preferência popular.

Por outro lado, a aliança de centro-esquerda formada pelo Partido Democrático (que conta com cerca de 23%), Verdes, Esquerda Italiana, Empenho Cívico + Europa não superaria 30% das intenções de voto.

O Movimento 5 Estrelas não se aliou a nenhum grupo. O partido antissistema, liderado pelo ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, alcançaria entre 10% e 13% – distantes dos 30% obtidos na última eleição, em 2018. Por último, a aliança de centro formada pelos partidos Ação e Itália Viva estaria com cerca de 8%.

Em novembro de 2020, os italianos aprovaram, por referendo, a redução do número de parlamentares, que passou de 945 para 600. Neste pleito, serão eleitos 400 representantes na Câmara dos Deputados e 200 no Senado. A diminuição das bancadas tornou a competição ainda mais acirrada.

Incógnita da abstenção

Quase 51 milhões de italianos estão aptos a comparecer às urnas para as eleições deste domingo. Destes, 4,7 milhões votaram no exterior.

Os analistas esperam uma participação sempre baixa – estima-se que cerca de 40% dos eleitores estão indecisos ou não vão votar. Esse dado reflete a desilusão dos italianos com a política.

Nos últimos 76 anos, a Itália já teve 67 governos, o que significa que a duração média é cerca de 13 meses para cada Executivo.

Mas, neste momento, a preocupação da maioria dos italianos não é com a turbulência política e sim com a economia do país. O aumento dos preços dos combustíveis e da eletricidade voltou a despertar o crescimento da inflação, estimada atualmente entre 8 e 9% ao ano.

Até o fim de 2022, a Itália deve apresentar um programa econômico para poder obter o Plano de Recuperação Europeu, um financiamento da União Europeia de cerca de € 20 bilhões, atribuídos ao país no âmbito da pós-pandemia de Covid-19.

Preocupação da UE

A União Europeia está preocupada com as promessas populistas da extrema direita italiana. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse na última quinta-feira que se as eleições gerais na Itália derem início a uma mudança autocrática, nacionalista e eurocética, existem no bloco “instrumentos a serem aplicados, tal como ocorreu nos casos da Polônia e da Hungria”.

No entanto, Von der Leyen acrescentou que os europeus estão “prontos para trabalhar com qualquer governo democrático” que esteja, por sua vez, disposto a trabalhar com a Comissão.

Bruxelas censurou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o partido Lei e Justiça, no poder na Polônia, devido a questões relacionadas ao estado de direito e aos direitos humanos, exigindo que estes países estivessem de acordo com os valores democráticos da União Europeia.

Na Itália, a Liga e o Irmãos da Itália apoiam a política do primeiro-ministro húngaro. Na semana passada, esses partidos se abstiveram da votação no Parlamento Europeu que declarava que a Hungria sob Orban já não é uma democracia em pleno funcionamento, mas uma autocracia. No Parlamento Europeu, o polonês Lei e Justiça faz parte da bancada conservadora presidida pela líder Giorgia Meloni, junto com o partido de extrema direita espanhol Vox.

Admiradora de Mussolini?

O líder da Liga, Matteo Salvini, anunciou na última sexta-feira que vai apresentar uma moção de censura contra Ursula von der Leyen. Ele disse que a presidente da Comissão Europeia fez “uma ameaça esquálida, uma invasão de campo que não foi solicitada”.

“No domingo, os italianos vão votar, não os burocratas de Bruxelas. Se eu fosse a presidente da Comissão Europeia, estaria mais preocupada com as contas de energia”, afirmou Salvini.

Giorgia Meloni garantiu aos parceiros internacionais da Itália que, sob sua liderança, o país vai respeitar as posições da UE e da Otan e continuará a apoiar a Ucrânia na sua defesa contra a invasão russa. No entanto, ela é qualificada como uma líder pós-fascista.

Meloni tentou tranquilizar os aliados internacionais, mas o partido Irmãos da Itália manteve o emblema da chama tricolor verde, branca e vermelha em sua logomarca, o mesmo símbolo usado pelo antigo Movimento Social Italiano. O partido neofascista foi criado após a Segunda Guerra Mundial e seus membros se assumiam abertamente como admiradores do governo de Benito Mussolini, ditador fascista que liderou o país nas décadas que precederam a guerra e durante o conflito.

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